O problema do alcoolismo é uma questão recorrente no Brasil. Segundo dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), atualmente 3% da população brasileira acima dos 15 anos de idade são considerados alcoólatra.

Se levarmos em consideração essa porcentagem, são 4 milhões de pessoas que sofrem desse mal.

Hoje, 18, é o dia nacional de combate ao alcoolismo, campanhas em todo o país são feitas para evitar o consumo. No mundo, cerca de 3,3 milhões de pessoas morrem por ano decorrente deste problema.

Comum em muitas cidades no país, os grupos de apoio ao combate do alcoolismo praticamente foram extintos. Segundo Aracelis Sarro Santos, coordenadora da Pastoral da Sobriedade da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, em Dracena, diversos são os motivos.

“O narcóticos anônimos acabou porque o grupo teve duas lideranças. Eles eram ex-dependentes químicos. Um acabou deixando o comando. O outro que liderou acabou tendo uma recaída e, por isso, o grupo foi extinto” disse. Aracelis Santos ainda completou: “É uma tarefa muito difícil, requer muita força e espiritualidade”.

Já o Alcoólicos Anônimos (AA), segundo ela, também teve fim por problemas parecidos. “Infelizmente não tem mais em Dracena. Acredito que quanto mais grupos existirem, melhor é. Talvez a pessoa não se identifica na Pastoral da Sobriedade e vai se identificar em outros grupos”, ressaltou.

Por conta da fé e de já ter feito parte de grupos de apoio, Aracelis Santos se inseriu no projeto da igreja e manteve a luta contra o alcoolismo. “A Pastoral da Sobriedade nasceu dentro da igreja com o bispo dom Irineu Danelom. Ele tinha dois sobrinhos dependentes químicos, um deles acabou falecendo. Ele se sensibilizou após o ocorrido. Então a partir do bispo acabou surgindo esse grupo. A espiritualidade alavanca a força para sair dessa situação”, finalizou.

Atualmente a Pastoral da Sobriedade tem muita procura por parte de familiares de pessoas que são dependentes. Segundo a coordenadora, no grupo a família também aprende a tratar essas pessoas.

Clínica

Soraya Aparecida Fonsati Mazzaro é psicóloga especialista em dependência química. Atuante na Pousada Bom Samaritano, Mazzaro alerta sobre alguns fatores de riscos. “O alcoolismo normalmente é uma doença multifatorial. Podem ser causadas por fatores sociais, físicos, psíquicos ou distúrbios emocionais. Eu considero a doença mais grave do mundo”, disse a psicóloga.

Para ela, a família é importante no processo de recuperação. Nós chamamos os familiares de co-dependentes da doença. Ser capaz de entender e identificar riscos ou até recaídas é importante para o processo de recuperação. O alcoolismo atinge não só o doente em si, mas a família também necessita de tratamento”, ressaltou.

Para ela, detectar o risco no início é importante. “Hoje muito se fala em ‘beber socialmente’. O que pouco se sabe é que esse hábito, na maioria dos casos, já configura uma dependência química. Identificar esse processo logo no início será crucial para evitar a doença”, finalizou a psicóloga.