E o São Paulo continua a sua arrancada no Campeonato Brasileiro. Na partida que marcou a volta do goleiro e capitão Rogério Ceni aos gramados, quatro meses após sofrer uma fratura no tornozelo esquerdo, a equipe comandada por Ricardo Gomes, mesmo sem jogar bem, venceu o Fluminense por 1 a 0 na fria noite desta quarta-feira, no Morumbi. É a sétima vitória consecutiva na competição, a maior sequência conquistada por uma equipe dentro do Nacional. O estilo Jason, personagem do filme “Sexta-feira 13” que simboliza a reação do time, ganha cada vez mais força.

Com o resultado, os são-paulinos, que completaram a nona partida de invencibilidade, assumiram a vice-liderança, com 36 pontos, um a menos que o líder Palmeiras, derrotado por 1 a 0 pelo Coritiba, também nesta quarta. Já o rival carioca, que sofreu a sua 11ª derrota em 20 partidas disputadas, segue na vice-lanterna, com apenas 15 pontos.

As duas equipes voltarão a campo no próximo fim de semana. O São Paulo, no domingo, vai a Curitiba enfrentar o Atlético-PR, na Arena da Baixada. No mesmo dia, o Fluminense receberá a visita do Barueri, no Maracanã.

Richarlyson fura ferrolho do Flu

Os dois times vieram com surpresas na escalação. No São Paulo, com problemas na defesa, já que Renato Silva e Miranda estavam suspensos, o técnico Ricardo Gomes recuou Richarlyson para a zaga e colocou Arouca no meio-campo. No Fluminense, Renato Gaúcho modificou o esquema tático, passando do 4-4-2 para o 3-5-2, com a entrada do zagueiro Cássio ao lado de Edcarlos e Luiz Alberto. No gol, Fernando Henrique foi barrado e Rafael, que havia sido titular contra o Flamengo, pela Copa Sul-Americana, ganhou nova oportunidade.

Quando a bola rolou, ficou muito clara a postura das duas equipes. O São Paulo, que tomou a iniciativa da partida, apostava na troca rápida de passes para furar o bloqueio defensivo do Fluminense, que se defendia com nove homens, deixando apenas o jovem Kieza além do meio-campo. Com isso, nos primeiros 15 minutos, o jogo foi morno, sem lances de emoção. Tanto que a primeira jogada de perigo aconteceu na bola parada, aos 16, quando Jorge Wagner cobrou falta da entrada da área e acertou o travessão de Rafael. Na volta, André Dias cruzou, e a bola bateu no travessão novamente.

Como os espaços eram reduzidos na intermediária defensiva do time carioca, a alternativa do São Paulo era surpreender com alguém vindo de trás. E foi dessa maneira que o São Paulo encontrou o seu gol, aos 22. Hernanes tocou para Richarlyson, que arrancou da intermediária, passou por Ruy e Edcarlos, invadiu a área e, de pé direito, bateu com categoria, no canto esquerdo de Rafael. Foi o primeiro gol do camisa 20 no Campeonato Brasileiro.

A equipe paulista comandava as ações. Aos 27, Washington recebeu dentro da área e, na hora do chute, tropeçou na bola, que sobrou livre para Jean. Cara a cara com Rafael, o volante bateu em cima do gol e perdeu uma chance inacreditável. Dois minutos depois, Washington arriscou de fora da área, e Rafael fez defesa firme.

Nos últimos 15 minutos, o São Paulo diminuiu o ritmo, e o Fluminense finalmente conseguiu sair do seu campo. Mas a única ameaça máximo foi levar em uma cobrança de falta de Conca, aos 41, que Rogério Ceni defendeu com segurança no canto direito.

Etapa complementar mais equilibrada

No segundo tempo, o Fluminense assustou logo aos dois minutos. Conca cobrou pela esquerda e Luiz Alberto, de cabeça, assustou Rogério Ceni. A bola foi por cima do gol. Aos nove, o técnico Renato Gaúcho modificou o esquema tático do time carioca. Sacou o zagueiro Edcarlos e colocou Marquinho no meio-campo.

Como o Fluminense não tinha qualidade técnica para levar perigo, e o São Paulo, recuado, tentava encaixar um contra-ataque para marcar o segundo gol, a qualidade da partida caiu bastante. Para dar novo gás ao time, aos 20, o técnico Ricardo Gomes resolveu mexer no ataque. Washington saiu para a entrada de Borges.

E o Fluminense voltou a levar perigo aos 23, novamente na bola parada. Conca, o único a mostrar qualidade com a bola nos pés, cobrou falta pela direita e colocou na cabeça de André Dias. Sem querer, o zagueiro são-paulino tocou para trás e quase marcou contra. A bola acertou o travessão de Rogério Ceni, que só olhou e torceu. Logo depois, Renato Gaúcho mudou o ataque. O estreante Adeílson assumiu a vaga de Kieza.

O jogo, que no primeiro tempo estava fácil e controlado para o São Paulo, se complicou, principalmente porque a bola batia e voltava para o campo defensivo. O Fluminense, mais na base do abafa do que na organização, levava perigo, principalmente na bola parada. Preocupado, Ricardo Gomes mexeu no time novamente, colocando Hugo na vaga de Jorge Wagner, para tentar valorizar a posse de bola na intermediária ofensiva.

Nos últimos dez minutos, Renato Gaúcho partiu para o tudo ou nada, sacando o volante Diogo e colocando mais um atacante, Alan, em campo. O Fluminense armou a blitz, e o São Paulo, acuado, se defendia. Ricardo Gomes ainda colocou Zé Luis na vaga de Dagoberto para tentar diminuir o sufoco.

Já nos acréscimos, silêncio no Morumbi. Rogério Ceni sentiu dores no tornozelo esquerdo e caiu no gramado. Atendido, jogou no sacrifício até o fim. A torcida, então, resolveu acordar e começou a gritar “o campeão voltou, o campeão voltou”. E, no fim, a festa tomou conta do Morumbi.