“Matar” os canadenses, como queria Moncho Monsalve, não foi uma missão das mais fáceis. Com a corda no pescoço na Copa América, os adversários do Brasil deram muito trabalho nesta quarta-feira, em San Juan, mas não a ponto de confiscar o passaporte verde-amarelo. Com a vitória por 68 a 59, a seleção de Moncho Monsalve enterra os rivais na Copa América e – o mais importante – garante uma das quatro vagas para o Mundial da Turquia em 2010.

A seleção volta à quadra nesta quinta, para enfrentar o Uruguai, já com a passagem à semifinal assegurada. A missão a partir de agora é manter o ritmo de vitórias e mirar no título da Copa América.

Se a ideia era “matar” o adversário, o primeiro passo era escolher as armas para a missão. E o Brasil escolheu Leandrinho. Ele foi o cestinha da partida: anotou 31 pontos. Pelo Canadá, o maior pontuador foi Levon Kandall, com 12.

Com a esposa Samara Felippo vendo tudo da arquibancada, o ala-armador começou a partida jogando praticamente sozinho. A seleção demorou a se encontrar, com as ações transcorrendo em ritmo de pelada. A defesa não funcionava tão bem como nos confrontos anteriores, e o Canadá ameaçava tomar o controle do placar. O camisa 10 não deixou.

Leandrinho fez duas cestas seguidas de três quando o Brasil perdia por 9 a 3 e manteve o ritmo nos minutos seguintes. A seleção virou o primeiro quarto na frente, com o placar de 18 a 15, sendo que 15 destes 18 pontos saíram pelas mãos do jogador do Phoenix Suns.

No início do segundo período, a defesa começou a se acertar. Moncho mandou Marcelinho Machado à quadra, no lugar de Alex, e colocou Giovannoni no lugar de Splitter quando o pivô sofreu uma falta e levou a mão ao joelho esquerdo. Foi apenas um susto, e Tiago nem precisou receber atendimento médico no banco. A diferença de sete pontos, no entanto, evaporou com duas bobeadas seguidas do Brasil.

A 24 segundos do intervalo, o susto de Splitter virou drama. O pivô cometeu um erro no ataque e, ao trombar com Joel Anthony, foi ao chão. A pancada no joelho esquerdo deixou o pivô catarinense caído por alguns segundos. Ele deixou a quadra amparado pelos companheiros, sem tocar o pé no chão, e caminhou para o vestiário mancando. Àquela altura, o Brasil vencia por 36 a 33.

– Eu quero jogar. O Moncho não queria que eu jogasse no segundo tempo, mas eu insisti.

Na volta para o segundo tempo, Tiago fez pequenas corridas à beira da quadra, tomou um antiinflamatório e ficou no banco esperando. Com a bola quicando, a seleção emplacou uma sequência de 10 a 4 e, enfim, respirou. A diferença foi a oito, mas logo caiu novamente e ficou em magros dois pontos ao fim do período: 52 a 50.

A sanfona que se estendeu pelo jogo inteiro continuou aparecendo no último quarto. Sob o comando de Leandrinho, impecável no ataque, o Brasil abria vantagem, mas os canadenses logo respondiam e esticavam o drama da seleção. No banco, Moncho perdeu a calma poucas vezes. Gritava nas instruções, gesticulava com os árbitros, mas na maior parte do tempo se mantinha sob controle.

Mesmo com o placar apertado, Moncho não alterou sua rotação de sete jogadores. Tanto que JP Batista ficou no banco e Tiago, mesmo com o joelho machucado, voltou para a quadra no meio do quarto período. Dos reservas, apenas Marcelinho e Guilherme entraram enquanto o jogo estava duro.

Apesar do sufoco e da pressão canadense, a equipe apertou a defesa, manteve a cabeça no lugar no ataque e, mesmo a quatro jogos da final da Copa América, já pode preparar os passaportes. A viagem à Turquia está garantida.