A taxa de crescimento do PIB mundial voltará a ser positiva em 2010, mas não passará, sem dúvida, de 1,6%, segundo as previsões da Unctad (Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento) publicadas nesta segunda-feira.

“A alta atual nos mercados financeiros e nos mercados de matérias-primas pode ser uma alta temporária”, advertiu o secretário geral da Unctad, Supachai Panitchpakdi.

De acordo com o relatório anual da Unctad sobre o comércio e o desenvolvimento 2009, a crise está longe de ter acabado. “Sua gravidade e sua dimensão são inéditas e nenhum país foi poupado”, disse a agência da ONU, acrescentando que o PIB mundial deve cair este ano mais de 2,5%.

O PIB dos países industrializados recuará 4% em 2009, e o dos países em transição, 6%. Quanto aos países em desenvolvimento, o crescimento deve cair de 5,4% em 2008 para 1,3% este ano.

Entre as regiões em desenvolvimento mais atingidas estão a América Latina, onde o PIB provavelmente cairá cerca de 2% em 2009. Contrariamente ao oeste da Ásia, onde o PIB deve recuar, o leste e o sul da Ásia devem registrar crescimento de 3% a 4% este ano.

“O continente africano deve manter suas taxas de crescimento positivas, de 3% na África do Norte e 1% na África Subsaariana, mas os Objetivos do Milênio para o desenvolvimento daqui a 2015 dificilmente serão atingidos”, alertou a agência da ONU.

“A profundidade da recessão foi tão grande que, claro, haverá uma retomada, mas ainda não vemos uma retomada real”, advertiu Panitchpakdi.

Para ele, o aumento atual dos preços das matérias-primas se deve principalmente a “um maior apetite por risco”.

Além disso, o diretor da divisão Globalização e Estratégias do desenvolvimento da Unctad, Heiner Flassbeck, condenou os políticos de acreditarem quase sempre que o avanço dos mercados financeiro é uma prova de retomada. “Isto é falso”, disse.

Afinal de contas, segundo ele, ainda não há notícias boas. “As exportações não acabarão com a crise, porque o comércio mundial está condenado a recuar quase 11% em termos reais em 2009”, escreveu a Unctad.

O consumo também está fraco por causa do aumento do desemprego na grande maioria dos países.

Mas existe uma esperança: “A retomada da economia chinesa, no segundo trimestre de 2009, demonstra a eficácia das medidas de retomada pelo déficit orçamentário quando são aplicadas rapidamente e com determinação”, destacou o relatório.

“Recomendamos manter as políticas monetárias e orçamentárias expansionistas”, insistiu Flassbeck, pedindo mais intervenção dos governos nos mercados para reduzir a especulação.