A economia global precisa de mudanças estruturais para prevenir a volta de desequilíbrios, uma vez que a recuperação está em curso, informa o Banco da Inglaterra em seu boletim trimestral, divulgado nesta segunda-feira.

O banco notou, segundo o documento, que “os desequilíbrios globais contribuíram com a crise financeira e a recessão resultante (…) apoiando uma má alocação de fundos e avaliação de risco”.

A economia britânica foi bastante afetada, segundo o BC britânico, mas a fraqueza da libra esterlina ajudou a diminuir o deficit em conta corrente, algo que foi espelhado em outros países, levando a uma correção parcial dos desequilíbrios globais.

“Mas se a correção dos desequilíbrios globais persistir com a recuperação da economia global, algum reequilíbrio estrutural na demanda global também deve ser necessário”, diz o boletim.

Os pedidos e propostas de reforma para o sistema financeiro global devem marcar o encontro do G20 (grupo que reúne representantes de países ricos e dos principais emergentes), que acontece na quinta (24) e na sexta (25) em Pittsburgh (EUA).

Hoje, o jornal francês “Le Monde” publicou uma declaração do presidente do BCE (Banco Central Europeu), Jean-Claude Trichet, que disse que Estados Unidos, China e UE (União Europeia) devem aceitar o conselho do FMI (Fundo Monetário Internacional) de modificar suas políticas econômicas.

No jornal, Trichet afirmou que a fragilidade do sistema financeiro internacional precisa ser corrigida, “mas a questão mais difícil ainda está aberta: Europa, América e China estão prontas para modificar suas políticas macroeconômicas no futuro, seguindo o conselho do FMI e sob pressão dos pares pelo bem comum e estabilidade econômica mundial?”.

Na semana passada, o Parlamento Europeu já havia declarado que os líderes do G20 devem tentar avançar em uma reforma profunda do sistema financeiro global, e não se concentrar só em detalhes como remunerações no setor bancário. O grupo se reúne nos próximos dias 24 e 25 em Pittsburgh (EUA).

O comissário de Assuntos Econômicos e Monetários da UE (União Europeia), Joaquín Almunia, por sua vez, também disse que a atuação do G20 e os compromissos alcançados até agora serviram para evitar uma recessão ainda mais profunda e para colocar as bases de um sistema econômico e financeiro “que evite a repetição dos desequilíbrios e excessos que levaram à situação atual”.