Nos últimos anos, a produção agrícola da região de Dracena vem passando por um momento de transformação. Depois de muitos anos sobrevivendo apenas de algumas iniciativas isoladas, finalmente a região parece que encontrou novamente sua vocação agrícola, depois do período do café.
Indiscutivelmente, a produção de cana-de-açúcar vem ocupando muito espaço na região, de acordo com dados da Cati, a cadeia da cana movimenta cerca de R$ 315 milhões, por ano, na região de atuação do escritório regional do órgão, que congrega 16 municípios da região de Dracena.
A segunda maior fonte de renda da produção agrícola da Nova Alta Paulista é a pecuária de corte, que segundo o diretor administrativo da Cati, o agrônomo Luiz Alberto Pelozo, movimentou cerca de R$ 120 milhões.
Dentro desse cenário, uma atividade que vem crescendo e que envolve grande número de produtores rurais é a produção de leite, que geralmente ocorre em pequenas propriedades e que movimenta mais de R$ 22 milhões, por ano, na região. A região tem entre 1.000 e 1.200 produtores divididos entre pequenos e médios.
A maioria das propriedades rurais da região de Dracena tem o perfil leiteiro e viabilizar a produção com qualidade é uma das metas em comum dos diferentes projetos que estão sendo desenvolvidos na região.
Um dos maiores trabalhos é desenvolvido pela Cati, que no começo do projeto das microbacias, percebeu a necessidade da região e começou a orientar os produtores. Isso aconteceu há cerca de seis anos. No início, o projeto começou atuando em 12 unidades produtivas e atualmente já se espalhou por cerca de 200 unidades. No projeto, os produtores passam por treinamento, têm assistência técnica e aprendem princípios de gestão sem custo algum, somente com disposição para aperfeiçoar suas técnicas.
Os principais objetivos dos programas desenvolvidos pela Cati são reduzir os custos de produção da pecuária leiteira, aumentar a margem de lucro dos produtores rurais e a auto-estima, além de fixar o trabalhador no campo.
As técnicas são simples e não exigem grandes investimentos dos produtores, mas flexibilidade para implantação. Trata-se principalmente de cuidados com pastagens e investimentos em irrigação, melhoria do manejo e monitoramento de dados econômicos para diminuição de custos. Pelozo destaca que “na região onde as propriedades trabalhavam com um animal por hectare, hoje se trabalha com pelo menos dez”.
Com o mesmo número de animais, as propriedades são capazes de produzir o dobro de litro de leite por dia, e com o custo de produção baixo, a remuneração do produtor chega a ser 100% maior do que o investimento. Resultados como esses ou melhores já foram conquistados pelos produtores.
Segundo as informações da Cati, no início do trabalho, a produção por hectare era de em média 3,5 litros por dia e atualmente é de cerca de 50 litros em média. Existem algumas propriedades que já atingiram a meta do projeto e produzem hoje cerca de 100 litros por hectare.
Pelozo destacou ainda que os objetivos do trabalho foram inicialmente o da melhoria do manejo, depois a melhoria da qualidade do rebanho e atualmente está sendo trabalhada a melhoria da qualidade do leite produzido.
Pelozo destaca que as características da região são favoráveis para a produção do leite. O solo, que tem um relevo suave e que recebe muito bem o capim é um dos fatores. Outro é o clima, que permite que o produtor trabalhe de sete a oito meses do ano com pastos de boa qualidade. Aliado a isso, o engenheiro agrônomo destaca também a melhoria da qualidade do rebanho que vem acontecendo gradualmente.
NA PRÁTICA – Um dos produtores que recebeu a orientação dos órgãos responsáveis e que teve a sua produtividade aumentada foi Jurandir da Silva, o Jura, proprietário rural que trabalha no setor há cerca de 11 anos. Jura destaca que as alterações não foram muito grandes, porém os resultados obtidos vêm sendo muitos satisfatórios. O produtor afirma que pretende continuar investindo na melhoria do seu leite e que as orientações dos agrônomos mudaram a sua forma de tocar o seu negócio.
Outro aspecto que atesta o aumento da produção leiteira da região é o surgimento de vários laticínios e cooperativas de produtores. Um dos laticínios que atua em Dracena é o Laticínio Trevizan. O proprietário, Hélio Trevizan trabalha há mais de uma década no setor.
Hélio destaca que a produtividade da região vem aumentando, porém no momento, é insuficiente para abastecer todos os laticínios que atuam na região de Dracena. O empresário afirma que em certas épocas precisa trazer leite de outras regiões, principalmente do Mato Grosso do Sul.
Os dados apresentados pela Cati demonstram a melhoria e crescimento da produção regional, fazendo com que os pequenos produtores, que são a maioria, busquem melhorar sua produtividade e o seu produto. Porém como pode ser verificado, o setor ainda tem grandes possibilidades de crescimento, mas para que isso aconteça é preciso que os produtores e os órgãos e associações que atuam nesse sentido continuem a investir em tecnologia e conhecimento.