A Aceruva de Junqueirópolis terá entre os expositores um grupo de alunos da Etec Carmelina Barbosa (Colégio Agrícola), de Dracena, apresentando amostras de uma ração animal desenvolvida com bagaço de acerola. Tal ração foi elaborada em pesquisa para trabalho de conclusão do curso de Técnico em Agropecuária, orientada pelo professor Victor Eloy da Fonseca que junto aos alunos testou e aprovou uma boa alternativa para alimentação das aves de corte.

A ideia de pesquisar o resíduo da acerola surgiu após uma visita à Fruteza (indústria de sucos), quando os alunos observaram a quantidade de bagaço da fruta descartada e pensaram em utilizá-la na alimentação animal. Depois de análise bromatológica feita pelo Departamento de Zootecnia da UEM, com a colaboração do doutorando Paulo Levi de Oliveira Carvalho, constatou-se que o bagaço de acerola tem altos teores energéticos e de proteína, além de boa digestibilidade. Então, os alunos e o professor formularam uma ração substituindo parcialmente o milho pelo bagaço de acerola e a compararam com uma ração comercial.

A Fruteza financiou a pesquisa, feita com 60 pintinhos, utilizando a infra-estrutura da Etec. As aves foram postas em ambientes idênticos em relação à luz, temperatura e estrutura, sendo separadas apenas por uma tela. Nos sete primeiros dias, foram alimentadas normalmente.

Depois, foram divididas em dois grupos. Um recebia ração comercial e o outro, bagaço de acerola. Após 42 dias, as aves alimentadas com ração preparada com o bagaço da acerola tiveram ganho de peso vivo 9,4% maior. O peso da carcaça foi 12,8% maior.

Com o resultado animador, Victor e seus alunos foram incentivados a patentear a descoberta e ingressar com pedido de registro no Ministério da Agricultura, o que já está sendo providenciado. Victor ainda disse que a pesquisa continua e o próximo teste será com carneiros, em que fará um ensaio de digestibilidade, observando quanto o animal consegue aproveitar dos nutrientes existentes no farelo de acerola. Para isto, um campus experimental está sendo montado na Fruteza.

A descoberta confere mais um destaque para a região, que tem despontado na pesquisa científica, conforme afirma Victor. Além disso, ele considera a grande importância do apoio da iniciativa privada nesse sentido, algo muito escasso na região, e agradece à Fruteza por ter aberto espaço. O professor também cita que a experimentação tem aplicação prática, trazendo resultados rápidos para o produtor.

A grande vantagem da pesquisa, sobretudo está relacionada à questão da responsabilidade sócio-ambiental. “Quando conseguimos transformar um resíduo que era descartado em algo para alimentação, aquilo que era considerado lixo passou a ser produtivo, com isso ganha a nutrição animal, o colegiado de produtores e a sociedade”, reforça o professor.

Victor também ressalta a contribuição para a escola, que se torna cada vez mais um nome de expressão na região, produzindo conhecimento e trazendo desenvolvimento. Para o grupo de alunos formado por Dimorvan Alencar dos Santos Lescano, Joilson Xavier Morais, André Evando da Silva e Ewerton Guilherme dos Santos, o ganho mais importante foi o aprendizado e o conhecimento que continuará sendo aplicado na prática, desta vez, com os carneiros.

Sobre a participação durante a Aceruva, o professor Victor Fonseca ressalta que será a primeira inserção da ração no mercado e uma oportunidade de fazer os primeiros contatos para comercialização do produto. Algumas empresas já demonstraram interesse como a Cargil e Ovos Ono, de Bastos.