Se a exploração de petróleo é um negócio rentável, o governo do Equador quer inovar no ramo: pretende ganhar dinheiro para não explorar as reservas alojadas sob um parque nacional na floresta amazônica.

Por meio da iniciativa batizada de Yasuní-ITT – sigla em referência ao Parque Nacional de Yasuní e aos campos de Ishpingo, Tambococha e Tiputini -, o Equador quer deixar de extrair o equivalente a 900 milhões de barris de petróleo – cerca de um quinto das reservas equatorianas, o que equivaleria a deixar de emitir mais de 400 milhões de toneladas de dióxido de carbono.

“Deixamos esse petróleo embaixo da terra, o que significa renunciar a US$ 6 bilhões de dólares, mas corresponsabilizem-se”, disse na última semana o presidente equatoriano Rafael Correa em uma conferência em Londres.

“Se eu digo a camponeses para que não toquem na floresta que têm ao lado, mas, por sua vez, não podem comer… É preciso pagar os camponeses para conservá-la ou dotar o local de interesse turístico e que gere renda”, argumentou.

A proposta de Correa é que a comunidade internacional patrocine a iniciativa, arcando com US$ 350 milhões ao ano até se chegar a US$ 3 bilhões. Até agora, alguns países demonstraram interesse em participar, mas apenas a Alemanha se comprometeu a investir US$ 50 milhões de dólares ao ano pelos próximos 13 anos.

Segundo o governo do Equador, além de beneficiar o meio ambiente, abrir mão de explorar o petróleo no Parque Nacional Yasuni também serviria para proteger duas tribos indígenas que vivem em isolamento voluntário na região.
Os países que investirem na iniciativa receberão títulos que garantiriam que, caso a jazida de petróleo seja explorada, seja reembolsado na quantidade que gastou, mais os juros correspondentes.

A proposta prevê ainda que os investimentos sejam destinados a atividades não poluentes e de defesa do meio ambiente, como aumentar a produção de energia por meio de usinas hidrelétricas.

O financiamento de iniciativas de contenção das mudanças climáticas em países em desenvolvimento é um dos pontos que causam impasse nas discussões sobre um novo tratado climático global, a ser definido numa reunião da ONU em dezembro, na Dinamarca.