O ministro da Educação, Fernando Haddad, disse em entrevista publicada neste domingo (1º) pelo jornal “O Estado de S. Paulo” que pretende dotar o Ministério da Educação (MEC) de uma entidade própria e capacitada para realizar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) todos os anos. “Será a Fuvest do MEC”, afirmou, se referindo à fundação responsável por organizar o vestibular da Universidade de São Paulo (USP).
Haddad disse que não seria necessária a criação de uma entidade, pois, segundo ele, o Centro de Seleção e de Promoção de Eventos da Universidade de Brasília (Cespe/UnB) seria o parceiro ideal para a aplicação do Enem. “Já conversei com o reitor [da UnB]. O Cespe é um parceiro antigo do MEC. Ele precisa se preparar para assumir os exames. Assim como o maior vestibular do país tem a Fuvest, o Enem teria sua entidade”, afirmou.
O novo Enem, que servirá como método de ingresso em dezenas de universidades do país, seria realizado no começo de outubro. No entanto, acabou adiado para os dias 5 e 6 de dezembro, após a constatação de uma tentativa de fraude. O contrato para a realização do exame acabou rescindido e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) firmou novo convênio com o consórcio formado pela Fub/Cespe e Cesgranrio.
Na entrevista ao jornal, Haddad destacou que seu objetivo ao defender uma entidade própria para realizar o Enem a longo prazo é o de eliminar a necessidade de licitações e tornar o processo mais seguro. “Se nós mantivermos o modelo, temo que as pessoas possam desconfiar da segurança da prova”, disse.
Motivação política
Questionado se acredita que houve motivação política para o furto do exame, o ministro evitou especulações, mas disse ter opinião semelhante à do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Eu, como o presidente Lula, consideramos estranho uma pessoa que quisesse fazer dinheiro com a prova procurar a imprensa, seria a última decisão a tomar. É muito estranho.”
Haddad observou que não avisou a Lula sobre o vazamento da prova. Segundo ele, “o presidente leu [a notícia] no jornal”. O ministro também lamentou não ter insistido para alterar as normas de contratação da empresa responsável pela aplicação do Enem.
Ele ainda elogiou a imprensa por ter levado o caso do vazamento do exame à tona, fato que motivou o cancelamento das provas. “A prova não foi realizada, isso é importante dizer, graças ao bom jornalismo que temos no Brasil.”