A Unicamp realiza, neste domingo (15), a primeira fase de seu último vestibular 100% dissertativo. As mudanças ainda estão sendo estudadas, mas já devem começar a valer a partir do processo seletivo de 2011.
Trata-se de um marco na história da universidade, que mantém apenas questões abertas em todas as suas fases, enquanto a maioria dos grandes vestibulares do país convergiu para um modelo de prova que aposta nas questões objetivas.
A partir do ano que vem, no entanto, a primeira fase deve começar a ter testes. Em disciplinas como matemática e física, em que a resposta da questão é um número, deve haver um cartão em que o candidato marcará os algarismos em quadradinhos destinados a eles (como já acontece na Universidade de Brasília).
De acordo com Renato Pedrosa, coordenador-executivo da Comvest (entidade que organiza o vestibular da Unicamp), a razão para essa alteração é que o vestibular da Unicamp precisa aumentar o número de questões da primeira fase para diminuir o empate técnico dos cursos mais concorridos. “Precisamos ter mais questões na primeira fase e manter a prova em um só dia.”
Assim, o exame deve ficar mais longo –com uma mistura de questões dissertativas e de testes-, mas o tempo de prova não deve passar de cinco horas.
A correção de testes é mais fácil e rápida, porque é feita por máquinas, o que minimiza erros e acelera o resultado.
A estrutura da redação, que hoje dá possibilidade de o aluno optar entre uma narrativa, uma dissertação ou uma carta, também está sendo repensada.
Outra mudança que aparece com chances de ser implementada a partir do próximo vestibular é a divisão das provas não mais por disciplinas, mas em torno de quatro eixos temáticos: ciências humanas, da natureza, linguagens e matemática.
Artes, sociologia e filosofia, que constam entre as disciplinas obrigatórias do ensino médio, passariam a fazer parte do exame. Mas, quanto a isso, Pedrosa tranquiliza os alunos: os conceitos dessas matérias serão cobrados “incorporados a outras questões”.
“Estamos há mais de um ano discutindo para que o processo de mudança se dê da melhor forma possível”, diz Pedrosa.
Alexandre de Paula, 19, aluno do COC, presta vestibular para medicina pela segunda vez na Unicamp. Embora torça para que não precise passar por essas alterações, ele é realista. “Quem faz medicina tem que mandar muito bem. Espero que dê para passar neste ano.”
Mas, caso seu plano dê errado, Alexandre diz que não vai se desesperar. “No fundo, no fundo, vai ficar mais parecida com a Unesp e a Fuvest. Como a gente já se prepara para essas provas, não deve ser tão ruim.”