O GP do Brasil, no dia 22 de outubro de 2006, tinha marcado o fim da carreira de um mito do automobilismo. Com o terceiro lugar em Interlagos e o vice-campeonato mundial, atrás de Fernando Alonso, Michael Schumacher se aposentava da Fórmula 1 após 16 temporadas, 250 GPs, sete títulos e 91 vitórias. Mas tudo isso mudou ontem, 23 de dezembro de 2009. A Mercedes anunciou na Alemanha o retorno do heptacampeão, aos 41 anos, à Fórmula 1.
Michael Schumacher será piloto da Mercedes, equipe que surgiu após a compra da vitoriosa Brawn GP, por três temporadas e receberá R$ 17,8 milhões (€ 7 milhões). O veterano correrá ao lado do compatriota Nico Rosberg, que vive um momento oposto na categoria. Enquanto o heptacampeão precisará lutar para continuar no topo do esporte, o jovem alemão ainda busca a afirmação na F-1. Após três temporadas na Williams, ele recebeu a chance de estar em um time de ponta.
O alemão tentou um retorno na temporada 2009, após o grave acidente de Felipe Massa no treino classificatório para o GP da Hungria, no dia 25 de julho. O brasileiro precisava de um substituto e a Ferrari recorreu ao heptacampeão, que aceitou o desafio. Contudo, após um teste com o F2007, carro de dois anos atrás, Schumi foi forçado a desistir da empreitada, por causa das lesões no pescoço ocasionadas por um acidente de moto no circuito de Cartagena, na Espanha, em 11 de fevereiro deste ano.
Com a contratação de Fernando Alonso pela Ferrari, a presença de Schumacher ficou inviabilizada no dia a dia da equipe na temporada 2010. O alemão renovou informalmente seu contrato de embaixador da marca, mas Luca di Montezemolo, presidente da fabricante italiana, liberou o heptacampeão do compromisso para que ele pudesse assinar pela Mercedes. Ele voltará a ser chefiado pelo amigo Ross Brawn, engenheiro-chefe da Ferrari na época mais vitoriosa de Schumi. O contrato foi assinado no início desta semana.
O retorno de Schumacher à Fórmula 1 pode servir também para o piloto pagar uma dívida de gratidão com a montadora alemã. A Mercedes-Benz bancou todo o seu início de carreira e o liberou do contrato de titular do time no Mundial de Protótipos por apenas US$ 300 mil em 1991. Com o acordo, ele pôde assumir a vaga de Bertrand Gachot na Jordan, após a prisão do belga, no GP da Bélgica daquele ano, em Spa-Francorchamps. Na prova seguinte, na Itália, o então novato foi contratado pela Benetton de Flavio Briatore para a vaga de Roberto Moreno.
Ross Brawn, que voltará a trabalhar com Michael Schumacher na Mercedes em 2010, disse que o alemão ainda é capaz de vencer na Fórmula 1. Segundo o dirigente, o alemão lhe deu sua palavra de que ainda é capaz de ser bem-sucedido na categoria.
O dirigente negou que Jenson Button tenha sido tirado da equipe para abrir espaço para Schumacher. O inglês, atual campeão do mundo, se transferiu, de forma surpreendente, para a McLaren em 2010.
Após confirmar o retorno à categoria, Michael Schumacher já pensa no título mundial de 2010, que seria a sua oitava conquista na Fórmula 1. O alemão disse que o contrato com a Mercedes marca o início de uma nova fase em sua carreira e que acredita em bons resultados apesar dos três anos longe da categoria.
Confira alguns números do maior vencedor da história da F1: 7 títulos mundiais; 91 vitórias; 68 pole positions; 154 pódios; 76 melhores voltas e 1.369 pontos marcados.