A dracenense Ana Grasielle Dionísio Corrêa formada em Engenharia da Computação, pela Universidade Católica Dom Bosco, de Campo Grande (MS) vem se destacando na carreira científica. Ela é dona de uma grande invenção desenvolvida num dos laboratórios da USP voltada a deficientes físicos. A partir de um computador conectado a uma câmera, pacientes tocam em cartões de papel, espalhados em uma mesa e com um leve toque da ponta do dedo, surgem os sons de instrumentos de corda, sopro e percussão, surgindo após a melodia.

A invenção encontra-se em fase de patenteamento e é um excelente estímulo para quem não consegue mexer o corpo, preso numa cadeira de rodas. A novidade apresenta baixo custo e foi experimentada por pacientes da Associação Brasileira de Distrofia Muscular (ABDIM) e da Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD).

Atualmente Ana Grasielle é doutoranda, em Engenharia de Sistema Eletrônicos na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (EP-USP).

Ela nasceu em Dracena, em novembro de 1977, na Santa Casa de Misericórdia. É filha do bancário aposentado David Corrêa, funcionário do Bradesco local e de Neide e irmã de David Junior.

Ana Grasielle conta que por o seu pai ter sido bancário morou em diversas cidades paulistas e também em outros Estados, como no Pará. “Para pagar os estudos da faculdade [que era período integral] comecei a estagiar no Banco do Brasil durante as madrugadas. Mas o estágio não era na área de informática então sentia que precisava de um estágio na minha área e que pudesse colocar em prática todos os meus conhecimentos adquiridos na faculdade. Foi então que resolvi me inscrever no Programa Institucional de Bolsa de Iniciação Científica (Pibic)”. Ela prossegue relatando que não conseguiu a bolsa, mas teve o privilégio de conhecer a professora Maria das Graças Bruno Marietto, quem segundo Ana Grasielle lhe ofereceu uma vaga de estágio não-remunerado. “Aceitei na hora, pois seria muito importante para minha formação estar ao lado de uma das melhores professoras da Universidade. Ali ainda não sabia que a oportunidade viria a ser a maior razão da minha vida – o gosto pela ciência”. Ela diz que no último ano da faculdade começou a desenvolver um projeto de graduação juntamente com uma colega Pascaly Santos. “Resolvemos criar um sistema de realidade virtual para alfabetização de crianças surdas. Foi neste período que conheci minha atual orientadora e que atualmente é diretora da Estação Ciência da USP, a professora Roseli de Deus Lopes, que na época tinha sido convidada para dar uma palestra aos alunos de engenharia na UCDB. Na palestra ela mostrou um pouco das pesquisas que vinha coordenando na USP e apontou o futuro da realidade virtual para educação, saúde e entretenimento. Foi então que meus olhos brilharam e resolvi falar com ela no final da palestra. Disse que estava trabalhando com realidade virtual para alfabetização de crianças e que gostaria muito de ter a oportunidade de trabalhar com ela. Peguei o contato dela e começamos a trocar e-mails. Ela me chamou para uma entrevista para concorrer a uma vaga de mestrado na Poli. Como estava decidida em fazer um mestrado na área de realidade virtual, e correndo o risco de não ser aprovada na USP me inscrevi em mais dois programas de pós-graduação – Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA) em São José dos Campos e na Federal de Santa Catarina. E no final de 2002, em meio a formatura, veio o resultado: passei na USP e no ITA”.

Ana afirma que tinha muita admiração pelo trabalho da Roseli e depois que a conheceu durante o processo seletivo se certificou ainda mais que era ao lado dela que gostaria de continuar com o trabalho. “Então vim pra São Paulo em março de 2003, onde iniciei minha pesquisa de mestrado na USP. Consegui uma bolsa Capes para me auxiliar financeiramente durante o mestrado e sob essas condições me dediquei exclusivamente a pesquisa. Minha defesa foi em maio de 2005 com o tema: Tecnologias musicais para iniciação musical infantil. Mas o que eu queria mesmo era focar em reabilitação. Como o desafio era grande para um projeto de mestrado devido a multidisciplinaridade do tema (Educação, Música, Tecnologia, Engenharia e Reabilitação), a Roseli me orientou a deixar este desafio para um doutorado, ou seja, na minha banca de mestrado já sai com o tema da pesquisa de doutorado: Reabilitação e Música”. Foi nesse momento que Ana Grasielle conheceu a coordenadora do setor de musicoterapia, Marilena do Nascimento e pôde com a colaboração dela iniciar o trabalho doutorado com o tema: O uso de tecnologia de Realidade Aumentada para reabilitação de crianças deficiêncites sob a orientação da Roseli na Poli-USP. A defesa está prevista para o final deste ano, mas Ana ressalta que já tem resultados significativos do uso desta tecnologia com criança com deficiência.

O trabalho recebeu dois prêmios em congressos científicos, em 2007, como melhor trabalho do Congresso Brasileiro de Informática. Em Educação (SBIE) pelo uso do sistema em sessões de musicoterapia com crianças com Paralisia Cerebral na Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD) e em 2009 um prêmio de menção honrosa pelo trabalho com crianças com Distrofia Muscular de Duchenne na Associação Brasileira de Distrofia Muscular (ABDIM). Além destes prêmios teve outros trabalhos aprovados em congressos científicos nacionais e internacionais. Recentemente apresentou os resultados desta pesquisa no IEEE International Conference on Advanced Learning (Icalt2009) que ocorreu na Cidade de Riga na Letônia.

Nas horas de lazer, Ana Grasielle pratica patinação, no “Lobos do Parque”, no Parque Villa Lobos em São Paulo. Ela ainda participa de um grupo de hockey. Ela também integra o grupo de pesquisa denominado NATE – Núcleo de Aprendizagem Trabalho e Entretenimento do qual Irene Karaguilla Ficheman. “O grupo participa da pesquisa e desenvolvimento de diversos projetos. Dentre eles, vale a pena ressaltar a Feira Brasileira de Ciência e Engenharia (FEBRACE)”, frisa Ana. Ela conclui dizendo que os objetivos futuros é defender o doutorado e prestar um concurso para integrar o corpo de docentes da USP.