Três cidades do estado de São Paulo – São José do Rio Preto, Ribeirão Preto e Araçatuba – já enfrentam o que a Secretaria de Estado da Saúde classifica como estado de transmissão sustentada de dengue. Na prática, as duas primeiras consideram que enfrentam mesmo uma epidemia.

Em São José do Rio Preto, foram detectados 6.601 casos; em Ribeirão Preto, 2.279; e em Araçatuba, há 1.357 infectados, além de cerca de 1.200 casos suspeitos, segundo dados das secretarias municipais de saúde dos municípios. De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde, a detecção dos casos passou a ser feita por teste clínico e não mais por exame laboratorial NS-1, no Instituto Adolfo Lutz, na capital.

De acordo com a secretaria, apenas nos casos de pacientes com febre hemorrágica, internados ou óbitos, o exame é realizado. A ‘transmissão sustentada’ se caracteriza quando os municípios ultrapassam determinada incidência de casos. Para Ribeirão Preto e São José do Rio Preto, cidades maiores: 300 casos por 100 mil habitantes. Já para Araçatuba: 150 casos por 100 mil habitantes.

“A grande expectativa agora é para a chegada da vacina”

Os dados mais recentes da secretaria apontam que esses municípios confirmaram 2.366, 951 e 649 casos, respectivamente. Números menores do que o problema que as cidades contabilizam.

Em São José do Rio Preto, cidade a 438 km da capital com o maior número de casos no estado, os exames que antes eram enviados para o Instituto Adolfo Lutz são agora feitos por um laboratório municipal.

“A epidemia foi decretada na última semana de janeiro e optamos por continuar fazendo os testes no município para ter os dados reais”, diz o coordenador da Vigilância Ambiental de São José do Rio Preto, Augusto Azevedo da Silva.

Em Ribeirão Preto, a 313 km de São Paulo, as circunstâncias são parecidas. De acordo com a secretária municipal de Saúde, Carla Palhares, a situação é mesmo de epidemia. “A partir do momento em que ultrapassamos os 300 casos por 100 mil habitantes é epidemia”, diz.

Carla afirma que o município seguirá acompanhando os casos. No entanto, o exame NS-1, realizado pelo Adolfo Lutz, não será mais realizado durante a epidemia. Os casos serão confirmados clinicamente. “O número correto de casos interessa para saber se é ou não epidemia”, diz ela, que explica que antes, quando o exame NS-1 continuava a ser feito mesmo depois de decretada a epidemia, muitos pacientes deixavam de ser testados.

Vacina
Para Caio Rosenthal, infectologista do Hospital Emílio Ribas e conselheiro do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), enquanto a vacina contra dengue não estiver pronta, os casos da doença vão se repetir. “Tivemos todas as condições para o desenvolvimento do Aedes aegypti (transmissor da dengue) neste ano”, diz. “A grande expectativa agora é para a chegada da vacina.”

Até agora, quase um terço dos municípios paulistas já registrou ocorrências de dengue neste ano. Segundo a Secretaria de Estado da Saúde, das 645 cidades paulistas, 199 já tiveram casos da doença.

De acordo com dados do Ministério da Saúde, 108,64 mil casos de dengue foram registrados no país, entre 1º de janeiro e 13 de fevereiro. O número significa um crescimento de 109% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram detectados 51,87 mil casos no país.

Cinco estados concentram “alta incidência” de registros da doença, com 77,11 mil notificações registradas, ou seja, 71% das detecções. São eles: Rondônia, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás e Acre.