Os alunos das escolas municipais de Dracena estão recebendo a visita do frei Humilis Balgas, que veio do Amazonas, e passa parte das férias na cidade. Ele conta que trabalhou por cinco anos na tribo Ticunas como professor e catequista. Atualmente está na comunidade civilizada em Santo Antônio do Içá, é diretor da Infância Missionária e trabalha com ribeirinhos formando a comunidade.

Missionário há 40 anos, ele se diz contente e valoriza o povo amazonense por sua humildade e comunicação. Frei Humilis contou que os índios respeitam muito os padres, que ensinam o português na catequese. Nas escolas, o frei fala sobre seu trabalho e também conta a história dos índios, além de responder às perguntas dos alunos.

Frei Humilis disse que gostou da cidade de Dracena, foi bem acolhido pelos padres e pelo povo, que considerou bastante religioso. Também afirmou que seu trabalho com as crianças foi bem aceito e que elas fizeram muitas perguntas. O pedido foi feito à secretária da Educação, Irmes Mattara, que autorizou as visitas para que os alunos conhecessem uma experiência de vida com os índios e não somente as histórias dos livros, lembrando que algumas escolas já desenvolvem atividades relacionadas ao Dia do Índio, comemorado em 19 de abril.

Durante suas férias de três meses, que terminam no final de maio, frei Humilis visita as paróquias onde há frades capuchinhos. Ele disse que de três em três anos vêm visitar os irmãos que moram em Campinas.

LENDA TICUNA – Frei Humilis destacou ainda que o ticuna valoriza seus costumes e suas lendas. A primeira lenda, da moça nova, significa a menina que se torna moça. Após a primeira menstruação, a mãe a coloca em um mosqueteiro grande, onde a filha permanece sem poder sair, isolada das outras pessoas e recebendo os cuidados apenas da mãe.

Depois de um ano e meio, a moça é levada para um curral e o cacique a pinta inteira de jenipapo (tinta preta). O pajé benze a menina e o cacique tampa seu rosto, enquanto as três índias mais idosas da maloca arrancam-lhe todo o cabelo. Toda a comunidade dança com a menina em três dias de festa, depois os índios a colocam no rio para tirar o espírito mal do corpo dela.

Com poucos meses, a moça pode namorar e casar. Frei Humilis disse que o rito marca a passagem da menina para a fase adulta.