Impulsionado pela estabilidade do dólar e pela chegada de novas marcas ao Brasil, o mercado de importados cresceu 6,9% em fevereiro, em relação a janeiro deste ano. Foram comercializadas 5.422 unidades, contra 5.073 no primeiro mês do ano. Os dados, divulgados nesta sexta-feira (19), são referentes ao emplacamento das 22 marcas filiadas à Associação Brasileira das Empresas Importadoras de Veículos Automotores (Abeiva).

“O dólar abaixo dos R$ 2 aumenta a competitividade nos preços dos importados e diminui a diferença para os produtos nacionais”, afirma o vice-presidente da Abeiva, Paulo Sérgio Kakinoff. “O mercado na faixa entre R$ 80 mil e R$ 100 mil é o que mais cresce no país. Nos últimos três anos, observamos o aumento de 35% a 40% ao ano”, complementa.

No acumulado do ano, a alta nas vendas é de 168,7% em relação ao primeiro bimestre de 2009, quando foram vendidos 3.906 veículos contra 10.495 unidades em 2010. Em comparação com fevereiro de 2009, quando a entidade tinha apenas 14 filiadas, o crescimento é de 170,8%, subindo de 2.002 unidades para 5.422. Ao considerar somente essas marcas, houve um crescimento de 145,2%, com 4.908 unidades emplacadas, em relação a fevereiro de 2009.

Até o final do ano a Abeiva projeta vender para o atacado 80 mil unidades, um crescimento de 69% em relação a 2009. “Só a Kia Motors vendeu 4,3 mil unidades em fevereiro. Estimamos fechar o ano com, no mínimo, 50 mil unidades vendidas”, afirma o presidente da Kia Motors no Brasil e atual presidente da Abeiva, José Luiz Gandini. “A estimativa das associadas à entidade é superior a projeção atual. Devemos passar esse número”, diz.

As associadas confirmam pelo menos 37 lançamentos entre novos produtos e reestilizações em 2010.

Retaliação aos Estados Unidos

Apesar do risco de retaliação aos Estados Unidos que a partir do próximo dia 8 de abril irá elevar a alíquota de importação de automóveis e motocicletas de 35% para 50%, a Abeiva acredita que o setor continuará em expansão, já que poucas marcas e produtos serão afetados.

“Dos associados, apenas o Jeep e o BMW X5 e X6 são importados dos Estados Unidos”, afirma o presidente da Abeiva.”Mesmo assim acreditamos que o governo entrará em um acordo com os Estados Unidos para impedir esse aumento. Toda vez que a alíquota sobe, cai o número de vendas, já que os veículos deverão ter um acréscimo de 10% a 12% no valor final.”

De acordo com Philip Derderian, diretor financeiro da Chrysler, Dodge e Jeep, com a alta na alíquota, o governo irá arrecadar menos impostos do que com a comercialização dos veículos. “Segundo nossas projeções, o valor arrecado com os impostos nas vendas de importados é três vezes maior do que o montante arrecadado com a alta da alíquota.”

A projeção da Abeiva é que todas as associadas arrecadem aos cofres públicos cerca R$ 2 bilhões em impostos em 2010.

Ampliação de empregos e rede de concessionárias

De acordo com a Abeiva, as importadoras empregam diretamente 8.200 pessoas e até o final do ano a projeção é a criação de 9.800 postos de trabalho. A estimativa é que a rede de concessionárias suba de 370 lojas para 460 até dezembro de 2010.

A entidade espera que pelo menos outras quatro marcas, que hoje não possuem fábrica no país, se filiem à Abeiva neste ano. A Bentley, que inaugurou nesta quinta-feira (18) sua primeira concessionária no país, Ferrari e Maserati, que deixaram a associação em julho de 2009 e a Lamborghini.