As buscas realizadas em uma nova área do oceano Atlântico para localizar os destroços do avião do voo 447 da Air France serão concluídas nesta semana, e os primeiros resultados serão conhecidos em pouco tempo, anunciou nesta segunda-feira o Escritório de Investigações e Análises (BEA).

O diretor do BEA, Jean-Paul Troadec, confirmou que robôs submarinos estão explorando uma nova área, com base num sinal provavelmente emitido por uma das caixas-pretas do Airbus A330 que caiu ao mar em 1o de junho de 2009 com 228 pessoas a bordo, quando cobria o trajeto do Rio de Janeiro a Paris.

Revelada na quinta-feira passada após novas análises dos sinais emitidos dez meses atrás, a descoberta deu aos investigadores e aos familiares das vítimas novas esperanças de que seja elucidada algum dia a causa dessa catástrofe aérea, a mais mortífera da história da Air France.

O BEA reafirma que, embora a falha de funcionamento nas sondas Pitot, que fazem a medição da velocidade, seja um elemento que ajude a explicar o acidente, apenas a descoberta dos gravadores das conversas na cabine do avião e dos dados técnicos do voo talvez permitam que se saiba com precisão quais foram as razões da tragédia.

“Se localizarmos uma parte dos destroços, a primeira coisa que faremos será encontrar os gravadores, que ficam em uma parte muito conhecida da célula. Em seguida, remontar os gravadores, levá-los o mais rapidamente possível para os laboratórios do BEA e, ali, fazer sua leitura”, disse Troadec em entrevista coletiva, confirmando que os sinais correspondem às balizas acústicas das chamadas caixas-pretas.

AVIÃO TERIA DADO MEIA-VOLTA?

Mas os gravadores ainda estão longe de serem encontrados, e tanto o BEA quanto o governo francês adotam postura cautelosa. Tampouco é certo que eles ainda possam ser decifrados, depois de terem passado um ano na água.

Na semana passada, o Ministério da Defesa disse que encontrar as caixas-pretas nessa nova área de buscas equivaleria a encontrar uma caixa de sapatos em Paris, num relevo submarino comparável à cordilheira dos Andes.

Desde a noite de quinta para sexta-feira passada, submarinos robôs estão percorrendo essa área de buscas.

A área já foi reduzida para mais ou menos dois terços, e “é provável que na quarta-feira já tenhamos vasculhado a área”, disse o diretor do BEA, acrescentando que “é possível que amanhã (terça-feira) já tenhamos resultados.”

A área de buscas é relativamente acidentada e, em alguns pontos, chega a mais de 4.000 metros de profundidade. Está situada a aproximadamente 40 milhas náuticas a oeste-sudoeste da última posição conhecida do voo AF447, disse Troadec.

Se os destroços forem encontrados nessa área, levando em conta a ausência de correntes marítimas nessa profundidade, isso significará que o avião estaria descrevendo meia-volta no momento do acidente, acrescentou o diretor do BEA.

“Mas não sabemos por que (a aeronave) estaria fazendo isso”, disse ele, pedindo para que não sejam feitas especulações antecipadas.