Toda quarta-feira, uma grande fila se forma na rua Euclides da Cunha para esperar um tal vendedor de queijos que parece ter conquistado a simpatia da freguesia. Assim que ele chega, as pessoas já estão em volta do carro e, enquanto os primeiros da fila são atendidos, os demais ficam de olho nas unidades que só vão diminuindo.

Alguns chegam a sair da fila para conferir a quantidade de queijos que ainda resta, constatando a triste realidade de que não haverá peças suficientes para todos e poderá voltar para a casa sem nada. Em menos de meia hora todas as peças de queijo são vendidas. Uns protestam dizendo que o vendedor deveria trazer mais queijos, outros querem fazer encomendas a todo custo, outros ainda perguntam se não há mais queijos guardados.

O médico Luís Carlos Mansano Garcia é um dos fregueses que estava na fila a mais de uma hora e 15 minutos. “O queijo é muito bom. O vendedor nem consegue chegar na feira”, destaca. Dos que experimentaram o produto, muitos se tornaram fregueses fiéis e retornam toda quarta-feira para buscar o seu queijo. A propaganda também é bastante positiva e, mesmo depois que a fila se desmancha, algumas pessoas aparecem perguntando se “não sobrou algum queijo”.

Todo esse sucesso é motivo de alegria para Flávio Alves Amorim, o vendedor dos queijos, da cidade de Flora Rica. Ele conta que há 20 anos começou a produção de queijos numa fazenda onde trabalhava, depois comprou a própria chácara, onde sua esposa Irene Soares dos Santos Amorim continuou a fazer os queijos.

Flávio cuida do gado, da produção do leite e vende os produtos na feira há dez anos em Dracena. “Aqui conquistei muitos clientes”, comenta. “No início, vinha com um colega, ajudava a vender laranja, melancia, verduras e precisava esperar até o fim da feira. Depois ele parou e eu continuei com a venda de queijos. Agora, dá para vender tudo e ainda tenho tempo para fazer compras”, conta entre risos.

São cerca de 30 a 35 peças de queijo mussarela que Flávio traz para a feira, e toda quarta, todas são vendidas. “Tenho um ponto na feira, mas nem consigo levar os queijos até lá, as pessoas já formam fila para comprar aqui”. A peça maior, de mais ou menos um quilo, custa R$ 12 e a menor R$ 6. Ele explica que na época das águas, quando a produção de leite melhora, vende até 50 peças.
Uma das freguesas, Kátia Duarte Pereira lembra que antes, a esposa Irene quem ficava na barraca da feira para vender os queijos. “Sempre via os queijos e as pessoas não compravam. Um dia parei para perguntar qual era o tipo de queijo e não parei mais de comprá-los”, diz. Kátia também disse que vai para Junqueirópolis buscar o queijo, assim como outras quatro ou cinco pessoas de Dracena.

Flávio ainda participa das feiras em Irapuru, Junqueirópolis e Santo Expedito. Dos três filhos, a mais velha também trabalha com a produção de queijo, que Flávio ajuda a vender. Para aumentar a produção, ele explica que precisaria de mais um funcionário, além da esposa. “É difícil encontrar uma pessoa que dê certo; mas o pouco, com Deus, é muito”, afirma.