A Vigilância Epidemiológica de Dracena registrou este mês, um caso de hantavírus na cidade, cuja vítima veio a falecer. Por isso, a população deve ficar atenta ao aparecimento de ratos, principalmente, em áreas rurais. O Ministério da Saúde alerta para necessidade de detecção precoce e tratamento adequado da hantavirose, uma doença infecciosa grave detectada pela primeira vez em 1993, nos Estados Unidos.

É causada pelo hantavírus, transmitido por ratos silvestres. Segundo o Ministério da Saúde, na região do cerrado brasileiro, o rato silvestre reservatório do hantavírus é o Bolomys lasiurius, conhecido como rato do capim ou rato-da-cauda-peluda. Apesar de registrada em quase todo país (Brasil), a doença tem maior incidência nas regiões Sul e Centro-Oeste.

O Ministério da Saúde trabalha junto às secretarias estaduais para alertar a população sobre os riscos de transmissão da hantavirose nas zonas rurais e silvestres. Nessas regiões, os casos são mais frequentes e o acesso a um tratamento adequado é mais difícil.

A hantavirose é considerada uma doença sazonal. Segundo o responsável pela vigilância epidemiológica no Ministério da Saúde, Mauro Elkhoury, a doença surge em maior número, nas regiões de cerrado, durante os períodos de seca, entre março e agosto. “Com o fim das chuvas os alimentos ficam escassos para os roedores que saem para buscar comida no habitat humano”, diz. Nas regiões de Mata Atlântica, os casos são mais frequentes entre os meses de outubro e dezembro e o rato reservatório é o Oligoryzomys nigripes, conhecido como rato da taquara.

Nos últimos dois anos houve um aumento de ocorrências devido a uma maior sensibilidade dos serviços de saúde, associada a fenômenos naturais denominados “ratadas” (proliferação rápida das espécies) nos estados de Santa Catarina e Paraná e, climáticos atípicos, como no Distrito Federal, em 2004. Nesse período, foram contabilizados 330 casos de hantavirose em todo o País, 81 somente no Centro-Oeste.

TRANSMISSÃO E SINTOMAS – O hantavírus é eliminado através da saliva, fezes ou urina dos roedores. Essas secreções secam e misturam-se à poeira do ar. A principal forma de infecção ocorre quando a pessoa inala poeira em ambientes onde o vírus esteja presente, principalmente, locais fechados. Ao ser inalado, o vírus pode levar até 60 dias para entrar em ação. Normalmente, a pessoa começa a sentir os desconfortos da doença depois de 15 a 20 dias. Os sintomas da hantavirose são: febre, dores de cabeça, no corpo e na região abdominal. “Todos esses sintomas, presentes em gripes, pneumonias ou até mesmo nos casos de dengue dificultam o diagnóstico da hantavirose na sua fase inicial”, afirma Elkhoury.

No decorrer dos dias, o paciente começa a apresentar sinais mais graves. Inicialmente surge uma tosse seca, em seguida a respiração fica difícil. No estágio final, o paciente sofre de edema pulmonar. Os pulmões se enchem de água e o doente não consegue respirar. “A sensação é semelhante a um afogamento”, explica Elkhoury. Durante essa fase, o paciente precisa ser internado em uma unidade de terapia intensiva (UTI), caso contrário, é provável a ocorrência de morte.

TRATAMENTO – Não existe vacina ou tratamento específico para a hantavirose. A única medida capaz de evitar a morte é o diagnóstico precoce e o manejo adequado. Ao surgir a suspeita de infecção pelo hantavírus, o doente deve ser encaminhado imediatamente a um hospital que disponha de UTI. Os aparelhos disponíveis nessas unidades auxiliam o doente a respirar.

O percentual de cura da hantavirose nas Américas está em torno de 50%. Com as medidas do Ministério da Saúde para divulgar a doença, principalmente entre a sociedade médica, os índices de mortalidade baixaram para 35% em todo o Brasil. Para Elkhoury, esse número ainda é alto.

“Nossos índices estão abaixo dos registrados no restante das Américas, mas ainda assim, é alto. De cada dez pacientes, quatro vêm a falecer”, afirma o responsável pela vigilância epidemiológica.

Os celeiros, porões e casas nas regiões rurais devem ser limpos para evitar a propagação do vírus. Durante a limpeza, é necessário que o chão fique umedecido para não provocar poeira. Também é importante não plantar nada a menos de 30 metros de casa e não deixar lixo acumulado nas redondezas. Os grãos devem ser armazenados, em locais bem fechados, que impeçam o acesso dos roedores.

Também existe o risco de se contrair hantavírus durante pescarias e passeios de ecoturismo. Quem gosta de estar junto à natureza deve evitar práticas como deitar diretamente no chão, acampar em locais com presença de fezes de roedores ou de outros pequenos animais e andar descalço. Caso levem alimentos, os turistas devem mantê-los em recipientes hermeticamente fechados.