O Egito pretende aumentar sua corrente de comércio (exportação e importação) com o Brasil de US$ 1,5 bilhão registrado em 2009 para US$ 5 bilhões até 2016. O Brasil é superavitário nessa relação. Neste ano até junho, as exportações de produtos brasileiros ao país africano somaram US$ 732 milhões. As importações foram de US$ 65 milhões.

Em café da manhã hoje com empresários brasileiros, promovido pelo Conselho Empresarial da América Latina (Ceal), o ministro da Indústria e do Comércio do Egito, Rachid M. Rachid, disse que a assinatura do Acordo de Livre Comércio Mercosul-Egito na última segunda-feira cria novas oportunidades para o desenvolvimento de mais pactos comerciais entre as duas regiões.

A intenção do Brasil é que produtos como papel, celulose e embalagens, itens farmacêuticos, cosméticos, autopeças e máquinas agrícolas comecem a ser vendidos ao Egito. Além disso, há a possibilidade de exportar algumas tecnologias em agronegócio desenvolvidas pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e até iniciar o refino de açúcar no país.

“As vendas para o Egito estão muito concentradas em carne (proteínas no geral), cuja venda somente de produtos bovinos somou US$ 1 bilhão em 2009, e açúcar. As importações de produtos egípcios se concentram em fertilizantes (ureia) e alguns produtos químicos”, disse o presidente da Ceal e presidente do conselho de Estratégia Empresarial da JBS Friboi, Marcus Vinícius Pratini de Moraes. No ranking dos cinco maiores itens brasileiros vendidos ao Egito estão ainda minério de ferro e fumo e entre os importados, negro de carbono, pneus, couros especiais, cera de petróleo e algodão.

“O acordo é apenas o começo de uma jornada, de um processo. As companhias brasileiras estão fazendo muito sucesso tanto nacional quanto internacionalmente e é nosso interesse estreitar relacionamentos com elas”, disse Rachid. A autoridade egípcia também informou que estuda a redução das taxas de importação de produtos brasileiros, principalmente em proteínas e fertilizantes e prevê um crescimento da economia de seu país de 6% neste ano.

Ontem, o ministro egípcio se reuniu com os ministros brasileiros da Agricultura, Wagner Rossi, do Desenvolvimento e Comércio Exterior, Miguel Jorge, e das Relações Exteriores, Celso Amorim. Na ocasião, além da ampliação das relações comerciais entre os dois países, foi criado o Conselho Empresarial Brasil-Egito. Após o encontro, o ministro iria se reunir com empresários brasileiros na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

Frango

A indústria brasileira da carne de frango pediu hoje maior acesso ao mercado do Egito, onde enfrenta barreiras tarifárias e não tarifárias. Durante café da manhã com o ministro da Indústria e do Comércio do Egito, Rachid M. Rachid, o setor fez três solicitações.

A primeira delas é a restrição do país à importação de cortes ou partes de frango in natura. “É uma barreira não tarifária que não tem justificativa”, disse o copresidente de administração da BRF Brasil Foods, Luiz Fernando Furlan.

O período de validade dos produtos industrializados e congelados também é outro assunto a ser resolvido com o Egito. Segundo o executivo, o Egito considera 90 dias como prazo de validade, enquanto para o Brasil é um ano. “Para o Golfo Pérsico, por exemplo, que também é nosso cliente, o prazo vale nove meses”, observou Furlan. Já o terceiro ponto de atenção são as altas taxas de importação ao frango brasileiro. Para Furlan, as perspectivas para resolver esses problemas são positivas. “Depois da assinatura do acordo livre de comércio Mercosul-Egito, as relações com o país podem mudar. Sobre a questão das tarifas, o ministro Rachid se comprometeu a reduzi-las o mais breve possível”, afirmou.

O Brasil exporta anualmente entre US$ 65 milhões e US$ 80 milhões de carne de frango para o Egito, valor equivalente a dois meses de vendas da BRF para a Arábia Saudita. “O mercado potencial consumidor do Egito somente em frango é de US$ 1,5 bilhão por ano e daqui a dez anos o país chegará a ter mais de 100 milhões de habitantes”, informou o embaixador do Brasil no Cairo, Cesário Melantonio.