O ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda afirmou ao Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) que não recebeu benefícios ou favores do então procurador-geral do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), Leonardo Bandarra. Trechos do depoimento dado ao conselho no início de novembro, que estavam sob segredo de Justiça, foram revelados hoje (13) durante julgamento no CNMP.

A defesa de Bandarra decidiu quebrar o sigilo do depoimento por acreditar que a comissão formada no CNMP para investigar Bandarra interpretou de forma equivocada a fala do ex-governador. Nos trechos divulgados, os conselheiros perguntam se Arruda recebeu algum benefício de Bandarra ou se pagou propina ao procurador-geral, ao que Arruda respondeu: “Nunca”.

Os conselheiros também perguntaram sobre a amplitude dos “tentáculos” do esquema irregular que se instalou no MPDFT. “Por mais que na minha cabeça eu tenha clareza de muita coisa, só posso dizer as coisas que tenho certeza. Fui achacado pela doutora [procuradora da República] Deborah [Guerner]”, disse Arruda. Um conselheiro perguntou se algum outro membro do MP lhe ofereceu algo diretamente. A resposta de Arruda foi negativa.

Hoje (13), o CNMP se reuniu para decidir três questões relativas ao procedimento administrativo que investiga supostos crimes cometidos por Bandarra e Guerner. A comissão pede a prorrogação do prazo para finalizar as investigações, a reformulação da acusação a partir de novos fatos que surgiram e o impedimento da participação do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ophir Cavalcante, no julgamento. Apesar de não votar, Cavalcante tem voz no julgamento e poderia influenciar os demais conselheiros, alegou a defesa.

Arruda renunciou ao cargo após ser preso pela Operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal, que investiga denúncia de que teria recebido dinheiro de empresários para pagar propina a políticos aliados, no escândalo que ficou conhecido como “mensalão do DEM”.