Na noite da próxima quarta, dia 22, será marcante para Renato Aragão. É que neste dia a Globo exibe o especial de fim de ano “Eu sou Renato Aragão”, uma homenagem ao grande comediante e criador de Didi Mocó, personagem que completou 50 anos em 2010. 

“O Didi é meu alter ego e meu amigo, faz coisas que eu não teria coragem de fazer. Ele não tem idade, atravessa gerações”, diz Renato Aragão. O humorista concedeu uma longa e emocionante entrevista sobre sua vida à jornalista Patricia Poeta que será mostrada no programa. Além disso, foi a Aparecida do Norte (SP), onde contou mais de sua história. Lá, foi surpreendido quando entrou na basílica, onde estavam familiares, fãs e um coral prestando homenagem a ele, que fará parte do especial.

Os depoimentos pontuam a dramatização da vida de Renato, desde o nascimento até hoje, que será outra surpresa para ele. Como será? Renato responde: “Não sei, vejo um movimento, mas não sei o que mais estão escondendo de mim”.  A atração tem direção de núcleo de Jayme Monjardim e direção de Teresa Lampreia. “Para mim, o Renato Aragão é o nosso Chaplin ou o nosso Mazzaropi. Além de um grande talento, ele tem uma história incrível de vida que poucos conhecem e que vamos contar nesse especial. Por exemplo, ele sobreviveu a um grave acidente de avião”, diz Jayme Monjardim. “Trabalho há dez anos com o Jayme e dirigir esse programa é um presente. Fomos a Sobral, no Ceará, e foi tudo muito emocionante.”, diz a diretora Teresa Lampreia.

Na gravação em Aparecida (SP), estavam na basílica aguardando a chegada de Renato os seus filhos Paulo, Duda, Juliana e Livian Aragão. Só faltou Ricardo, que estava viajando. Ivete, irmã de Renato, e mais três sobrinhas, vieram de Sobral, no Ceará, para a homenagem. Lilian, mulher de Renato, deu outra desculpa para guardar a surpresa em Aparecida para o marido: “O Renato achava que eu iria a uma festa na escola da Livian”.

Pode-se dizer que Didi tem vida própria. Criado em 1960, por Renato Aragão, Didi Mocó Sonrisépio Colesterol Novalgino Mufumbo (nome completo do personagem) é só sucesso desde então. Quando perguntado sobre a origem do nome Renato Aragão explica: “Era só Didi, mas durante uma gravação precisei inventar um nome complicado para um quadro do programa. Quem me perguntou foi um figurante e na hora eu respondi a primeira coisa que veio à minha cabeça. Acabou pegando”.

Em tempos atuais é mais do que comum encontrar um comediante cearense no Sudeste, mas foi Renato Aragão o responsável pela divulgação do humorismo nordestino no Rio de Janeiro, pois foi ele o primeiro a chegar e brilhar na “Cidade Maravilhosa”.

Muita gente não sabe, mas Renato Aragão é formado em Direito, já foi bancário e tenente do Exército. Quando tinha 23 anos se inscreveu em um curso promovido pela recém-inaugurada TV Ceará, Canal 2, foi aprovado e conquistou uma das vagas oferecidas pela emissora.

Nascido em Sobral, interior do Ceará, em 13 de janeiro de 1935, Renato Aragão cresceu rodeado por sete irmãos e pela arte, sempre incentivado pelo pai, o poeta Paulo Aragão, e pela mãe, a professora Dinorá.

Inspirado em seus maiores ídolos: Charles Chaplin, o Carlitos, Renato Aragão cria em 30 de novembro de 1960 o personagem Didi e 1964 já estava no Rio de Janeiro, trabalhando no humorístico “A-E-I-O-Urca”, da extinta TV Tupi.

Em 1966 Renato Aragão começou a atuar ao lado de Ivon Cury, Teddy Boy Marino e Wanderley Cardoso, em “Adoráveis Trapalhões”, na também extinta TV Excelsior. Foi este programa que originou o sucesso “Os Trapalhões”.

Renato também passou pela Recod, onde foi estrela de várias atrações humorísticas, entre eles os saudosos “É Uma Graça, Mora?” e a “Praça da Alegria”. Já em 1975, na TV Tupi formava-se o quarteto “Os Trapalhões”, com Didi, Dedé, Mussum e Zacarias. O sucesso foi tanto que o programa passou a ser exibido pela Rede Globo em 1976, na qual Renato é contratado até os dias de hoje.

Em terras lusitanas Renato Aragão também fez muito sucesso. Em Portugal, o comediante trabalhou por três anos na emissora SIC e levou alegria aos portugueses com seu humor ingênuo.

Ao todo Renato Aragão atuou em mais de 40 filmes, todos batendo recordes de bilheterias. O primeiro foi “Na Onda do Iê Iê Iê”, uma paródia dos filmes dos Beatles, lançado em 1965. “Quando vim para o Rio, queria mesmo é fazer cinema”. Com seus filmes Renato viajou pelo mundo todo, interpretou os mais clássicos personagens da literatura e contracenou com tipos imortais. O comediante já foi Ali Babá, Mosqueteiro, Aladim e Lampião. Já filmou em Serra Pelada, Marrocos e Hollywood. Não é à toa que de seus filmes, sete foram as maiores bilheterias do cinema nacional.

Desde 30 de setembro de 1991, Renato Aragão é o embaixador da Unicef no Brasil, é ele também que comanda todos os anos as edições do “Criança Esperança”, programa idealizado para arrecadar fundos para ajudar crianças carentes.

Sem jamais aceitar qualquer rótulo político-partidário, Renato Aragão passou a participar ativamente de projetos assistenciais em 1983, quando duas regiões brasileiras enfrentavam sérios problemas: enchentes no Sul e seca no Sudeste. Aproveitando o sucesso do filme “O Cangaceiro Trapalhão”, Renato decidiu dedicar partes iguais da bilheteria para as cidades atingidas.

Atualmente os telespectadores podem conferir as trapalhadas de Renato “Didi” Aragão todos os domingos, no humorístico “A Aventuras do Didi”, que a Globo exibe por volta do meio-dia.