O governo paulista vai exigir das concessionárias de rodovias que modernizem o sistema automático de pagamento de pedágios para permitir a cobrança por km rodado, por faixa de horário ou pelo peso do veículo. Hoje, o motorista que trafega pela Raposo Tavares, que corta a região de Presidente Prudente, paga seis pedágios com preços fixos entre R$ 3,15 e R$ 5,25 para carros e R$ 1,55 e R$ 2,65 para motos.

A iniciativa está em resolução assinada na última terça-feira pelo secretário de Estado de Logística e Transportes, Saulo de Castro Abreu Filho, que cria uma comissão para definir, em 90 dias, os formatos das tecnologias.

Na resolução, Abreu diz que, entre as premissas, estão “garantir aos usuários o menor custo de utilização possível” e “reduzir os custos de operação e manutenção das concessionárias”, além de permitir melhor controle do Estado sobre o sistema.

Hoje, há apenas o serviço Sem Parar, que tem aplicação limitada: só permite ao usuário não parar na cabine e não portar dinheiro.

Para se efetivar a cobrança por trecho percorrido, há, dependendo do modelo, a necessidade de se implantar dispositivos como chip em veículos, pontos de leitura do cartão em trechos da via ou controle de entrada e saída.
No Chile, por exemplo, há pórticos ao longo da via que leem o chip do veículo e mapeiam o seu trajeto. Na França, o sistema é o controle de entrada e saída do usuário. As novas concessões de rodovias já não terão cabines de pedágio – as atuais devem acabar.

Em nota, a Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias diz ser “compreensível que, após 11 anos, o governo queira atualizar o sistema, levando em consideração avanços tecnológicos.”

Para especialistas, a medida está atrasada, mas sua implantação é positiva.

“O pedágio não pode ser um gargalo no tráfego. A cobrança manual é um modelo que já tem mais de 40 anos”, diz Luiz Célio Bottura, ex-presidente da Dersa entre 1984 e 1987.
“De cinco anos para cá, a gente já devia estar mergulhando nesse formato de cobrança”, diz Adriano Murgel Branco, ex-secretário dos Transportes.

O movimento é o segundo de Geraldo Alckmin (PSDB) para reduzir críticas aos valores dos pedágios. Nas eleições, Alckmin prometeu revisar os contratos. No dia 25, a Agência Reguladora de Transportes do Estado de São Paulo (Artesp) aprovou a abertura de licitação para contratar a empresa que subsidiará o governo na revisão dos contratos em 18 meses. (José Benedito da Silva/Folha)