O ministro da Educação, Fernando Haddad, afirmou nesta quinta-feira (26) que os vídeos do kit anti-homofobia poderão ser integralmente refeitos. Nesta quarta (25), a presidente Dilma Rousseff suspendeu a produção e distribuição do material que seria entregue nas escolas para ajudar no combate ao preconceito contra homossexuais.
“A presidenta entendeu que esse material não combate a homofobia. Não foi desenhado de maneira apropriada para promover aquilo que ele pretende, que é o combate a violência. (…) Os vídeos poderão ser integralmente refeitos”, afirmou Haddad.
O ministro afirmou que Dilma recebeu os vídeos da Ministério da Educação e também de integrantes da bancada evangélica. Haddad disse não saber quais trechos do vídeo foram vistos pela presidente para que ela tomasse a decisão de cancelar a produção e distribuição do material.
Por determinação da presidente, depois de avaliadas pelas comissões internas dos ministérios, as publicações do governo serão analisadas por uma comissão da Secretaria de Comunicação da Presidência da República.
De acordo com Haddad, o kit anti-homofobia ainda não tinha sido aprovado pelo comitê de publicações do Ministério da Educação. Mesmo depois da rejeição da presidente, o material será avaliado pelo ministério e pela Presidência da República para que seja refeito, mas não será distribuído.
“Para fazer qualquer pedido de revisão não pode simplesmente entregar de volta, senão uma formalidade vai ser descumprida. Preciso de uma norma técnica para apontar em que momentos esse vídeo está em desconformidade com o programa. Não pode expressar verbalmente uma opinião a um convênio estabelecido”, justificou o ministro.
Segundo Haddad, o governo não deixará de adotar medidas contra a homofobia. “A presidente deixou claro que entende que esse material não realiza aquilo que se propõe. O problema dela não é no mérito da causa. É em relação ao caso concreto até porque é uma determinação constitucional o combate ao preconceito”, disse Haddad.
Opinião
Questionado sobre sua opinião pessoal a respeito do kit, o ministro evitou entrar em detalhes, mas concordou com a presidente. “Eu vi. Tem uma parte que realmente não gostei. Não vou me ater a isso”, disse.
A decisão de suspender a distribuição dos kits foi tomada por Dilma Rousseff depois de uma reunião com as bancadas religiosas do Congresso. Segundo Haddad, houve “confusão” sobre o assunto, causada por “boatos” de que o material seria distribuído sem debate com as bancadas religiosas.
“Quando uma discussão deixa de ser técnica e passa ser política, você tem muita dificuldade de organizar um debate sobre o assunto. Num ambiente em que esse tipo de discurso prevalece sobre a verdade, é muito difícil construir um diálogo”, disse o ministro.
O ministro disse ainda que na última semana havia informado os parlamentares de que o material sequer tinha passado pela avaliação do comitê de publicações do ministério.