Ele nasceu em Itapeva. Queria estudar Letras, mas a família de professores fez uma força para que decidisse pelo Direito, e nos primeiros anos de faculdade, acabou gostando dos assuntos filosóficos e sociológicos de que tratavam os livros. Estudou em Itapetininga, na Fundação Karnig Bazarian (FBK), e formou-se em 2001.
Escolheu ser a figura que declarava o direito imparcial: tornou-se juiz. Em 2002, prestou concurso e, aprovado, tomou posse em março de 2003, na circunscrição de Americana, que compreende os municípios de Santa Bárbara do Oeste, Sumaré, Hortolândia e Nova Odessa. Em março de 2005, foi promovido para Panorama, depois, no dia 28 de abril de 2005, veio para Dracena.
Assim, o juiz de direito Bruno Machado Miano começou as atividades na Cidade Milagre. Ao longo de seis anos, ele destaca algumas de suas conquistas como a instalação da 3ª Vara, do setor de conciliação, instalação do cartório anexo do juizado e do peticionário no Cesd (Reges), formação de mais de uma centena de conciliadores, reforma da casa do judiciário (com a instalação do Juizado Especial Cível e Criminal), ampliação do espaço de atendimento do serviço psicossocial no prédio do Fórum, entre outras.
Algumas das sentenças importantes citadas por Miano estão a que permitiu aos transsexuais a retificação dos registros e alteração do nome; a conversão da união estável em casamento e a liberação das 30 casas do conjunto habitacional Paulo Vendramini 2.
No período em que ficou na cidade, o juiz trabalhou em eleições municipais, acumulou funções em comarcas da região e recusou três promoções, mas acredita que chegou o momento de aceitar. “Depois de seis anos, conhecemos muita gente, fazemos amizades e vão aparecendo os problemas, pois as pessoas confundem esta proximidade, muitas vezes, acreditando que favorecemos alguém nas sentenças pela amizade ou o contrário. Isso não é bom para um juiz”, comentou.
Bruno Machado Miano, da 2ª Vara de Dracena, foi promovido para a Vara da Fazenda Pública de Mogi das Cruzes, de entrância final, o último degrau do magistrado antes de se tornar desembargador. Ele disse que já considera-se um filho de Dracena e gostou muito da cidade. No ano de 2006, foi homenageado com o título de Cidadão Honorário de Dracena.
“Gostaria de agradecer à população pelo acolhimento e só lamento deixar tantos processos que ficaram sem julgamento”.
O juiz ainda enumerou algumas das ações que não conseguiu realizar, como dar o nome de Hélio Theresino ao prédio do Fórum e homenagear a funcionária Cleonice Araújo Miranda de Almeida e o juiz Rubensval Benvindo Maciel, dando o nome deles para as ruas do Fórum. Além disso, ressaltou o pedido de especialização das Varas de Dracena, duas cíveis e uma criminal, que ficou sem um posicionamento.
Em Mogi das Cruzes, Miano espera ter um pouco mais de tempo e, quem sabe, realizar um de seus sonhos: dedicar-se a escrever, já que não se tornou um professor de literatura. Ele já escreve sobre assuntos jurídicos em um blog (www.judexquovadis.blogspot.com) junto a outros juízes, mas tem vontade de se aventurar pela ficção, por exemplo. “Nunca fui de fazer planos, só espero encontrar paz, sossego e ter um tempo para mim”, disse.
Quanto à profissão, o juiz de 32 anos considera-se realizado, mesmo tendo muitos pedidos que não consegue dar resposta. “São muitos pedidos. Tenho vontade de responder a todos, mas há as preferências legais e não damos conta de tudo”.
Bruno Machado Miano avalia que a Justiça, no geral, é “um poder que pouco pode”, pois não conta com orçamento próprio, depende do Executivo e Legislativo, e até mesmo os prédios pertencem à Secretaria da Justiça.
“Cobra-se muito da Justiça, mas falta informatização, servidores, juízes, prédios. O Tribunal de Justiça quer que o juiz seja um agente político, delegue funções e tenha perfil gerencial, mas o que ele sabe fazer é julgar”, disse.