O herói do Corinthians na final da Libertadores corre o risco de não poder participar do Mundial de Clubes deste ano por causa de um problema na Justiça. Denunciado por contrabando e lavagem de dinheiro em fevereiro deste ano, o atacante Emerson chegou por volta das 14h30 ao tribunal no Rio de Janeiro onde começou a ser julgado, exatamente às 14h49. 
 
Se for condenado, o jogador pode ser impedido de deixar o pais e viajar ao Japão, em dezembro. O voo que o levou desde São Paulo atrasou, e a sessão sofreu retardo em seu início, antes previsto para às 14h. Emerson responde pela compra de duas BMWs modelos X6, importadas ilegalmente dos Estados Unidos em 2010. 
 
No mesmo processo, o volante Diguinho, do Fluminense, também é réu, mas entra como “beneficiário” do esquema. Os dois atletas atuavam juntos no time carioca naquele ano. Campeão brasileiro com o time carioca no último domingo, Diguinho chegou ao local do julgamento antes do corintiano e tirou fotos com funcionários. 
 
Entenda o caso
 
De acordo com a denúncia do Ministério Público Federal, os jogadores tinham “ciência do esquema criminoso” e agiram com “má fé” para tentar esconder a origem ilícita do bem. Emerson vendeu uma das BMWs a Diguinho pelo valor R$ 315 mil – sendo R$ 200 mil declarados – o que teria sido o segundo veículo trazido ilegalmente pelo Sheik.

As investigações mostraram que em uma das compras, Emerson depositou o dinheiro diretamente na conta do israelense Jehuda Kazzabi. UDI, como é conhecido, mora em Miami, nos Estados Unidos, e é apontado como um dos chefes da quadrilha, que tinha ramificações em 12 estados brasileiros. Para recebimento da BMW, no entanto, foi usada a concessionária de outro bicheiro, o Haylton Scafura, a Euro Imported Cars. Foragido desde outubro do ano passado, ele foi preso no primeiro semestre deste ano, num condomínio na Barra da Tijuca.

Em caso de condenação, a pena para ambos os crimes é de reclusão de no mínimo quatro anos, podendo chegar a 14 anos, isto em regime aberto, semi-aberto ou fechado, dependendo da decisão do juiz. Os advogados Itamar Gomes de Jesus e Ricardo Cerqueira, de Diguinho e Emerson, respectivamente, defenderão os atletas no julgamento desta terça-feira..

As transações de Emerson estão comprovadas no processo através de escutas telefônicas e levantamentos financeiros feitos pela Receita Federal. Emerson é citado em diversos trechos do processo. Num deles, numa escuta telefônica, o israelense UDI reclama da compra feita pelo jogador, pois, por conta da transação, sua agência de carros fora alvo de inspeção da polícia americana.

 
Confira a transação entre eles:
29/10/2010 — Emerson compra a BMW da Rio Bello por R$ 200 mil (Nota Fiscal 12).
20/12/2010 — Ele devolve o carro à loja e recebe a quantia de R$ 160 mil (Nota Fiscal 30). No mesmo dia, Diguinho compra a BMW por R$ 200 mil (Nota Fiscal 31).
10/01/2011 — Ele devolve o carro (Nota Fiscal 34). Horas depois, compra novamente (Nota Fiscal 35).

Ainda de acordo com o processo, o carro dos jogadores demorou sete meses para chegar ao Brasil 

Veja o caminho do carro de Emerson e Diguinho: 

1) O jogador Emerson “Sheik” encomenda uma BMW X6 à Euro Imported Cars, no Rio (de propriedade do bicheiro Haylton Escafura). 

2) A Sunbelt BMW (agência americana) tem um veículo à disposição e o negocia com a Fun Rides (agência americana de carros usados). 

3) Apesar de o carro ter sido anunciado por U$ 57,3, as investigações só encontram depósito no valor de U$ 5 mil, no dia 12/07/10, da Fun Rides na conta da Sunbelt.

4) A formalização da venda, no entanto, é feita com uma terceira loja a Limo Depot (agência americana de carros novos), por valor menor do que o carro fora anunciado: U$ 49,9, no dia 4/08/10. 

5) Em 15/08/10 é registrada uma comunicação de venda do carro para exportação, para a Euro Imported Cars (agência de Escafura), no valor de U$ 61,4

6) Em 7/10/10, PBMK International Inc (americana) se declara às autoridades marítimas como empresa responsável pela importaçao do veículo. Apesar de na Declaração de Importação constar outra empresa como responsável, a Rio Bello Com Imp e Exp LTDA (que é brasileira). 

7) Em 11/11/10, a BMW X6 passa pela Receita Federal, já em território brasileiro. 

8) Em 29/11/10, é feito o registro do Renavam, no Detran, do carro que seria vendido a Emerson.