Prevenção é a política que o governo brasileiro deve adotar para combater a expansão das drogas no país, diz a pesquisadora Mina Carakushansky, diretora da Associação Brasileira de Alcoolismo e Drogas (Abrad) e da Federação Mundial contra as Drogas (Wfad, a sigla em inglês).
A Wfad é uma comunidade multilateral de organizações não governamentais, sediada na Suécia. Fundada em 2009, a entidade tem como objetivo trabalhar para um mundo livre de drogas. A federação apoia as convenções de narcóticos da Organização das Nações Unidas (ONU).
Segundo ela, de maneira geral, apenas 5% da população mundial usam regularmente algum tipo de droga ilícita, enquanto 95% não usam qualquer droga. “A gente ouve muito falar em tratamento contra drogas, que é necessário. Mas ouve-se falar muito pouco em prevenção”.
Para Mina, se a verba destinada pelo governo federal para o enfrentamento do crack, no total de R$ 4 bilhões até 2014, conseguisse tratar e recuperar os atuais dependentes dessa droga, isso não iria resolver o problema, porque logo apareceriam outros usuários. “O paralelo que a gente tem que fazer em relação às drogas que hoje são ilegais, as drogas psicoativas, é o mesmo que se faz em relação ao tabaco, à dengue, à tuberculose ou à febre amarela”.
Mina assegura que a prevenção evita que haja novos problemas ou, pelo menos, que os problemas proliferem. “A solução real está em a gente evitar que aquelas pessoas caiam no precipício das drogas”, pontua.
A política de prevenção deve ser iniciada na infância, defende Mina, para que o Brasil consiga atingir no futuro a mesma posição de países de primeiro mundo na luta contra as drogas. Segundo ela, a Suécia é o país que mais êxito obteve na prevenção contra as drogas, em comparação com as demais nações europeias que apresentam características similares de educação, moradia, bem-estar da população, meios econômicos e democracia.
Dados da ONU indicam que o Brasil é o primeiro país consumidor de crack no mundo e o segundo maior consumidor de cocaína. Mina alerta, porém, que não adianta fazer comparações entre o Brasil e outros países, porque são realidades diferentes. A Suécia, por exemplo, liberou as drogas em 1965. Diante do crescimento do consumo e dos problemas sociais que surgiram, o governo voltou atrás três anos depois e as leis foram endurecidas.
“É uma cultura que a pessoa não desenvolve da noite para o dia. É desenvolvida com campanhas, com esclarecimentos”. Mudanças de humor e de comportamento devem acender um alerta nos pais ou responsáveis. “No início, é relativamente fácil neutralizar isso. Agora, quando se torna dependente, é mais difícil”, ressalta.