O deputado federal Paulo Maluf (PP-SP) será convidado para depor na Comissão da Verdade da Câmara Municipal de São Paulo sobre um projeto que previa a instalação de dois crematórios no cemitério Dom Bosco, no bairro de Perus, durante sua primeira gestão como prefeito da cidade (1969-1971).

Segundo o presidente da comissão, vereador Gilberto Natalini (PV), há “alguns indícios de que presos políticos seriam incinerados naqueles fornos que estavam sendo propostos”.

De acordo com o relatório da CPI da Câmara Municipal sobre a vala comum descoberta no cemitério de Perus em setembro de 1990, “houve intenção de cremar os corpos de indigentes, entre os quais estavam os de presos políticos”.

As suspeitas se baseiam em carta citada no relatório da CPI em que a empresa inglesa Dowson & Mason (D&M), que seria contratada para construir os crematórios, afirma que o projeto elaborado pela prefeitura para os fornos seria inadequado ao acompanhamento de familiares e conteria outras irregularidades.

Após os questionamentos da D&M, o projeto foi modificado e construído posteriormente no cemitério São Pedro, no bairro de Vila Alpina.

Procurada, a assessoria de imprensa do deputado não comentou o convite. Disse apenas que “Paulo Maluf vai convidar os membros da Comissão Municipal da Verdade a visitar as 14.525 obras que ele fez no Estado e na cidade de São Paulo”.

Em seu depoimento à CPI de Perus, nos anos 1990, Maluf negou que tivesse tentado viabilizar a instalação do crematório, por razões religiosas.