Policiais militares que ainda estão em formação ou em cursos para serem promovidos foram escalados pela corporação para atuar nos protestos que aconteceram no mês de junho em São Paulo.

Quatro oficiais da PM que trabalharam nas manifestações afirmaram que cerca de 800 alunos da Academia do Barro Branco, responsável por formação dos tenentes, e estudantes da escola de formação de sargentos, foram para a avenida Paulista e para a região central da cidade entre os dias 6 e 25 de junho.

A razão para o reforço, conforme esses quatro oficiais, foi que parte da tropa estava cansada por conta da série de protestos que aconteceu no período e tinha extrapolado seu horário de trabalho.

O principal problema no caso dos alunos do Barro Branco é que, como ainda estão em treinamento e não se formaram, nem todos têm preparo para atuar nas ruas.

Com relação aos alunos da escola de formação de sargentos o problema é menor porque eles já são policiais. Só estão frequentando um curso obrigatório para serem promovidos. No caso, ao invés de assistirem a aulas, os alunos sargentos vão diretamente para as ruas.

Joon Ho Kim/Leitor

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Grupo de manifestantes foge da tropa de choque que dispara bombas de gás lacrimogêneo na avenida Paulista, na altura do cruzamento da rua Carlos Sampaio

Policiais do setor administrativo também foram deslocados para atuarem nas ruas durante os protestos.

IRRITAÇÃO

Ontem, nove PMs, entre oficiais e soldados, disseram à Folha que não é só o cansaço que estava irritando a tropa. Ao ser chamado para atuar em horários extras, com folgas canceladas, o policial perde a oportunidade de fazer seu bico, seja ele oficial ou não.

A escala de trabalho dos PMs é diferente do servidor comum. Eles costumam trabalhar 12 horas e folgar 36 ou trabalhar 24 horas para folgar 48, dependendo do batalhão em que atuam.

É nessas horas vagas que os policiais militares fazem trabalhos extras, geralmente como seguranças particulares ou como agentes da Operação Delegada, na qual atuam contra o comércio ambulante na capital paulista.

Procurada ontem para comentar o assunto, o Comando da Polícia Militar não se manifestou até a conclusão desta edição.

 Editoria de Arte/Folhapress