A Polícia Civil através da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) indiciou criminalmente a mãe e o namorado dela, no caso do abandono de um bebê do sexo feminino, no ano passado em Dracena, dentro de uma caixa. A informação é da delegada Maria Ângela Tófano Rodrigues, titular da DDM que conduziu o inquérito e as diligências que investigaram o caso.
De acordo com a delegada, a mãe foi indiciada na fase policial pelo crime de tentativa de aborto e o namorado dela, o maestro S.S., pela participação na tentativa de aborto e por comunicação falsa de crime de que alguém havia abandonado o bebê em frente a casa dele.
O inquérito que tem dois volumes foi concluído no mês passado e relatado a Justiça que abre prazo para que o Ministério Público se manifestar favorável ou contra a decisão da polícia.
A delegada Maria Ângela explicou que os fatos aconteceram em julho do ano passado quando o namorado da mãe disse que o bebê tinha sido abandonado dentro de uma caixa de sapato em frente à residência na rua Dom Pedro, centro de Dracena.
Ele pegou o bebê na caixa e o entregou no Corpo de Bombeiros; o fato repercutiu tanto na imprensa local quanto regional.
Segundo a delegada, as diligências concluíram que o bebê em nenhum momento foi abandonado, mas sim colocado no local pela própria mãe após ter tentado cometer o aborto.
Ela disse que ainda que a polícia entende que a moça tomou droga abortiva imaginando que fosse expelir o feto e dizia que não sabia ao certo o período de gestação apesar da idade gestacional avançada. “Ela imaginava estar cometendo um aborto, mas o bebê nasceu vivo e, por isso, decidi indiciá-la por tentativa deste crime”, disse a delegada Maria Ângela.
Quanto ao namorado da mãe do bebê, a delegada entendeu que ele prestou apoio moral a gestante para adquirir a droga e, inclusive, esteve com ela durante toda a madrugada que antecedeu a tentativa de aborto e que ele mentiu inventando que o bebê havia sido abandonado.
A investigação apurou que o namorado ao ser avisado pela mãe do bebê sobre a gravidez teria dito “que legal, mas agora não é o momento já que estavam iniciando a vida e que aquilo não era o razoável”.
A delegada afirmou a reportagem que a mãe avisou o namorado de que estaria grávida e da intenção de abortar a criança, por isso foi participe da tentativa deste crime.
Maria Ângela T. Rodrigues explicou também que a conclusão do inquérito atrasou por causa do pedido de quebra de sigilo telefônico junto à operadora para que a polícia pudesse apurar a comunicação telefônica entre a mãe e o namorado dela.
Segundo ela, a operadora atrasou na entrega dos resultados das ligações entre os dois, mas enviou o material e isso também foi muito importante para as investigações.
O bebê do casal de namorados está em uma casa de apoio no Paraná.
A delegada disse que há cerca de um mês e meio recebeu a informação de que o estado de saúde da menina é instável.
Maria Ângela explicou e lamentou que as penas previstas nesses crimes, tanto a mãe como o namorado estão indiciados não são severas e com isso não alcança a comoção social.