O ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo Machado, conversou nesta segunda-feira (7) com o embaixador do Canadá em Brasília, Jamal Khokhar, e exigiu explicações sobre a notícia de que o ministério de Minas e Energia e funcionários do Itamaraty estariam sendo espionados por agentes do órgão de inteligência canadense.
No encontro, Machado manifestou o repúdio do governo brasileiro ao que o Itamaraty chamou de “grave e inaceitável violação da soberania nacional e dos direitos de pessoas e de empresas”.
Documentos vazados por Edward Snowden, ex-técnico de tecnologia da NSA (Agência Nacional de Segurança), e entregues ao jornalista norte-americano Glenn Greenwald, revelaram que o Ministério de Minas e Energia foi espionado por canadenses e americanos.
A revelação foi feita em uma reportagem veiculada no Fantástico, da rede Globo, produzida em parceria com o jornalista do britânico “The Guardian”.
Mais cedo, a presidente Dilma Rousseff utilizou seu perfil no Twitter (@dilmabr) para criticar a espionagem praticada pelos Estados Unidos e Canadá e afirmou que tais ações são motivadas por “razões econômicas e estratégicas”.
Dilma publicou nove mensagens durante esta manhã. “A denúncia de que Ministério Minas e Energia foi alvo de espionagem confirma as razões econômicas e estratégicas por trás de tais atos” diz um dos textos.
“A reportagem [do Fantástico, onde a denúncia de espionagem foi veiculada] aponta para interesses canadenses na área de mineração. O Itamaraty vai exigir explicações do Canadá”, postou Dilma.
A presidente também afirmou na rede social que determinou ao ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, “rigorosa avaliação e reforço da segurança” do sistema de proteção de dados do Ministério. Ela disse que o Ministério possui bom sistema de segurança de dados.
Em outro post, ela afirma que, “ao que tudo indica”, os dados frutos de espionagem “são acessados pelos cinco governos e pelas milhares de empresas prestadoras de serviço com amplo acesso a eles”. Segundo a reportagem do Fantástico, os dados espionados do Ministério de Minas e Energia foram exibidos para agentes dos EUA, Reino Unido, Canadá, Austrália e Nova Zelândia.
A presidente lembrou que Edward Snowden, responsável pelo vazamento de documentos que possibilitou levar o caso a conhecimento público, “estava empregado havia só 3 meses na empresa que prestava serviços à NSA”.
Nas outras mensagens, Dilma diz que a espionagem atenta contra a soberania das nações e a privacidade das pessoas e empresas, pede que os EUA e seus aliados encerrem tais ações e afirma que elas são inadmissíveis entre países parceiros. “Repudiamos a guerra cibernética”, disse a presidente.
Dilma já havia utilizado o Twitter neste domingo (6) para criticar a espionagem norte-americana, quando postou dez mensagens relacionadas ao assunto na rede social.
Nas mensagens de domingo, a presidente lembrou que denunciou o caso à ONU (Organização das Nações Unidas) e contou a seus seguidores que ganhou um livro que relata métodos de espionagem usados pela NSA.
Dilma também afirmou que enviou ao Congresso um projeto do Marco Civil da Internet e que espera pretende enviar para a ONU a proposta de um marco civil internacional.