A Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro foi o grande alvo dos protestos da noite desta segunda-feira (7). A instituição confirmou, por meio de nota à imprensa, que os manifestantes jogaram, pelas janelas, galões de gasolina para incendiar o prédio.
Ainda não se sabe quais foram todos os estragos causados além da porta vandalizada e da sala de cerimonial que ficou parcialmente destruída. Segundo a nota, os guardas municipais responsáveis pela segurança conseguiram impedir a invasão da casa. Na terça-feira, não haverá expediente na Câmara para que possam ser levantados os prejuízos durante a realização de uma perícia.
Como saldo da noite, pelo menos 14 pessoas foram detidas e um adolescente foi apreendido. O protesto chegou a reunir 10.000 pessoas, segundo a PM.
Carona de ônibus
Um dos confrontos que aconteceram entre a polícia e os manifestantes se deu no cruzamento da avenida Mem de Sá com a rua Gomes Freire. Um grupamento do choque deteve cinco manifestantes. Para conduzi-los até a 5ª DP, delegacia da região, um policial que era chamado pelo grupo de “Comandante Lemos” parou um ônibus de linha (507 Silvestre).
O “comandante” pediu ao motorista que levasse os cinco detidos mais cinco policiais e dois advogados da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) para a delegacia.
Os outros manifestantes do grupo se sentaram na rua para impedir que o ônibus os levasse. Houve confronto ali mesmo. O choque conseguiu deter os manifestantes após bombas de efeito moral e balas de borracha.
O motorista do carro A72116 da empresa Transurb deu ré e saiu pela avenida Mem de Sá, seguindo para a delegacia.
Ônibus e prédios vandalizados
Pelo menos cinco ônibus sem passageiros foram sequestrados e vandalizados por grupos de manifestantes mascarados, identificados como Black Blocs. Três deles foram deixados na avenida Rio Branco — todos foram vandalizados, sendo que um foi incendiado. Os outros dois foram encontrados na Lapa: um na rua Maranguape e outro no Passeio.
Segundo o motorista Herique Santos Souza, que estava no ônibus que foi queimado, os manifestantes que sequestraram o veículo pretendiam jogá-lo sobre a entrada de um prédio comercial. “O mascarado falou para mim que meu ônibus ia virar estatística”, contou Souza.
Além da Câmara, a reportagem do UOLobservou depredação nos arredores da Cinelândia. Ao menos duas agências bancárias foram depredadas (uma na Evaristo da Veiga e outra próxima à avenida 13 de maio).
Os manifestantes atacaram o consulado americano, que teve suas janelas quebradas. A tropa de choque usou bombas de gás e de efeito moral para dispersar os manifestantes.
A entrada do edifício Serrador, sede da empresa de Eike Batista, ficou totalmente destruída. O grupo que depredou o prédio usou seus próprios tapumes para quebrar as vidraças.
Policiamento menos ostensivo
No começo dos protestos, a PM (Polícia Militar) teve uma atitude mais tímida, sendo difícil de avistar o contingente policial no percurso entre a Candelária, de onde partiu a passeata, até a Cinelândia. O número de policiais (500) também foi menor que o da semana passada (700) no dia em que houve um confronto mais violento com os manifestantes.
Quando um grupo de mascarados pichava a parede lateral da Câmara dos Vereadores, por exemplo, a PM não reagiu. Ela só entrou em ação, com suas guarnições de choque, depois que os manifestantes já haviam jogado ao menos três bombas contra a porta da instituição.
No meio da confusão, o vereador Brizola Neto (PDT-RJ) tentava deixar a Câmara, cercado de seguranças. Ele questionava, aos gritos: “Cadê a polícia?”
Após as ameaças, dois grupos do choque cercaram os manifestantes e os dispersaram com bombas de efeito moral e balas de borracha.
As manifestações dessa segunda-feira foram organizadas para protestar contra a violência da PM, que entrou em confronto com os professores na semana passada. Tanto a rede municipal quanto a rede estadual estão em greve desde o dia 8 de agosto.