Na terça-feira (1°), professores e policiais militares entraram em confronto no centro do Rio de Janeiro por causa da aprovação do plano de cargos e salários para a educação proposto pela prefeitura municipal. No dia seguinte, o governador Sérgio Cabral resolveu ignorar os conflitos e anunciou um programa de incentivo à indústria do plástico do estado com uma frase emblemática: “O Rio de Janeiro está em festa”.
Cabral não deu entrevista sobre as divergências que levam tanto professores da rede municipal quanto estadual a estarem em greve. Tampouco falou sobre as bombas de efeito moral, gás lacrimogêneo e o spray de pimenta usados contra os manifestantes em frente à Câmara de Vereadores desde o último sábado.
No evento para os empresários fluminenses na manhã desta quarta (2), no Palácio Guanabara, o governador discursou sobre os avanços feitos durante os quase sete anos de seu governo e não esqueceu da educação.
“Há 10 anos, o governo do Estado não podia bater na porta de banco para pegar empréstimo. O estado não fazia concurso público para os professores e pagava o salário apenas lá pelo dia 15 de cada mês. O 13° salário só vinha no ano seguinte”, lembrou Cabral, que foi amplamente aplaudido pelos industriais.
“Hoje o Estado do Rio paga os melhores salários do Brasil para os professores, exceção feita ao Distrito Federal que é custeado pelo governo federal. Quando cheguei, eles estavam há 12 anos sem reajuste. E hoje pagamos bonificação por desempenho. Criamos um programa de meritocracia, embora haja gente que ainda é contra”, afirmou Cabral.
Segundo o próprio governo, o salário inicial para professores estaduais no regime de 30 horas semanais é de R$ 2.009,88. Já o docente que trabalha 40 horas por semana recebe vencimentos a partir de R$ 2.679,85. O piso nacional dos professores é de R$ 1.567 para o regime de 40 horas.
Em um levantamento sobre salários de professores em dezembro de 2012, feito pelaRevista Educação, a rede estadual do Rio de Janeiro tinha o 5° melhor saláriopara professores com ensino superior completo e dedicação de 40 horas. A rede fluminense ficava atrás de Mato Grosso (R$ 2.905,91), Espírito Santo (R$ 2.918,74), Tocantins (R$ 3.062,60) e Roraima (R$ 3.249,87).
Manifestações
O governador foi apoiado pelo vice-presidente da Firjan no evento. Carlos Mariani criticou os protestos que ocorrem com frequência desde junho na capital fluminense. “Este é um programa (o da indústria do plástico) que tem respaldo da opinião pública séria. Não estou falando desta envolvida em manifestações. É claro que nós estamos do lado do governador”, disse o empresário.
Alguns de seus colegas brincaram ao sair do Palácio Guanabara. “Vamos embora logo antes que chegue outra manifestação aqui”, ironizaram.