Sete estudantes dos cursos de tecnologia em agroecologia e de licenciatura em química do IFPE (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco), do campus Barreiros (a 105 km de Recife), reclamam que estão vivendo em condições precárias em um imóvel oferecido como alojamento provisório desde o início do ano.

A casa oferecida pelo IFPE para esses estudantes, que são de outros municípios, está com a fiação elétrica comprometida. Dois dos três banheiros estão sem energia e o que está com luz não possui interruptor para ser ligada.

“A gente pega um fio e encosta no outro para poder ligar a luz”, contou o estudante Mauro (nome fictício*). Os banheiros não possuem revestimento de cerâmica e o mofo toma conta do cômodo. “É impossível limpar um local daquele. A gente joga água sanitária com sabão, mas não resolve. As paredes são pretas de mofo”, disse Mauro.

Segundo os estudantes que moram no imóvel, os poucos móveis, a geladeira e a televisão foram levados por um deles para o local.

O imóvel fica localizado dentro do próprio campus do instituto. “A casa é longe do prédio do IFPE e o matagal está tomando conta do arredor do imóvel. As portas da casa não oferecem segurança porque são de madeira e estão velhas. Temos medo de assaltos e arrombamentos. A semana passada roubaram as lâmpadas de fora da casa”, afirmou Bruno. 

“Quando cheguei aqui tomei um susto com a precariedade do local. Contei para a minha família a situação e ninguém acreditou, pois aqui passa do absurdo”, relatou o jovem.

Segundo o estudante, outros três colegas desistiram de morar na casa depois que viram as condições e conseguiram transferência de campus.

“A gente vive aqui porque é a única saída para fazer um curso superior. Até tentamos alugar um imóvel, mas é muito caro para nós”, contou Mauro.

Outro lado

O IFPE informou que a casa que os estudantes estão alojados é um local provisório e foi oferecido porque “eles não se inscreveram no edital para concorrer a vagas no alojamento oficial do instituto, aberto em dezembro de 2012”.

Segundo o IFPE, existe um alojamento apropriado para receber os alunos que estudam em horário integral no campus de Barreiros e precisam residir no local.

O diretor de Assistência Estudantil do instituto, Clécio Gomes, afirmou que nos próximos dias tentará transferir os sete estudantes para o alojamento oficial do IFPE Barreiros, mas as vagas não estão garantidas.

“Vamos verificar se houve alguma desistência de curso e se abriu vaga no alojamento masculino, pois também não podemos retirar os estudantes que conseguiram vaga por meio do edital e colocar os que moram naquela casa. Mas, vamos fazer o possível”, informou Gomes. Ele também disse que caso não consiga a transferência para o alojamento, os estudantes vão ter de esperar até dezembro “quando o edital será lançado para aberturas de novas vagas”.

“Não sabemos a razão para esses estudantes não terem conseguido vaga no alojamento. Acreditamos que eles perderam o prazo de inscrição do edital e como não podem custear um imóvel para morar se submeteram a morar no imóvel provisoriamente”, disse Gomes.

O diretor de Assistência Estudantil do IFPE justificou que “por estar localizado em uma área agrícola é impossível que o imóvel não seja rodeado de plantas”. “Esse é um dos campus mais antigos e tem cerca de 60 anos de uso. Aqui, antes funcionava uma fazenda que foi adaptada para ser uma escola agrícola, por isso não tem como não ser dentro do mato. O campus todo é nesse local, que possui 20 mil hectares de terra”.

Gomes disse que o campus de Barreiros possui um alojamento em construção para ampliação das vagas para os alunos vindos de outros municípios, mas devido a burocracia a obra está parada há três anos. “Estamos aguardando a contratação de uma empresa para fazer a marcação da obra para que o governo Federal libere mais verbas para concluir a construção”, informou.

O IFPE não soube informar quantas vagas são oferecidas aos alunos que necessitam de alojamento.

*Os nomes verdadeiros foram omitidos a pedidos dos estudantes