Moradores do Butantã, nas imediações do portão 3 da USP (zona oeste de São Paulo), estão sendo alvo de assaltos praticados por gangues de motos e de bicicletas. Os bandidos invadem casas e roubam carros no bairro.

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Moradores do Butantã fazem protesto em frente a batalhão da polícia

A onda de roubos e furtos está deixando a vizinhança do entorno da Cidade Universitária com medo. O número de casos no 51º DP (Butantã), entre janeiro e setembro, aumentou 10% em relação ao mesmo período de 2012.

Foram 4.010 casos neste ano e 3.644 no ano passado. Isso dá uma média de 14,8 ocorrências do tipo por dia. Na cidade, foram 1.100 casos diários no período.

Mas é a frequência dos assaltos perto dos portões da USP o que mais incomoda.

Na rua Professor Teotônio Monteiro de Barros Filho, dos dez moradores ouvidos, todos foram assaltados nos últimos meses e quatro tiveram a casa invadida. Três vigias que atuam na mesma rua confirmam a série de casos.

Maria de Lurdes Souza da Silva, 64, que mora há 40 anos no bairro, desistiu de esperar a segurança melhorar e vai se mudar. A família foi alvo de oito assaltos e a casa foi invadida uma vez pela gangue das motos. “Não está dando mais. É medo de chegar e de sair de casa”, diz.

Seis estudantes vizinhos de Maria de Lurdes se mudaram após serem assaltados dez vezes em dez meses. A casa deles foi invadida duas vezes no mesmo período. Foram morar na região da Rebouças pagando aluguel de R$ 3.500 -R$ 900 a mais do que pagavam no Butantã.

“Era só ouvir um barulho de moto que o coração disparava”, conta Bruno Fernandes, 24, estudante de engenharia da USP que se mudou de casa com os outros cinco colegas há um mês.

AS GANGUES

Segundo moradores, a gangue das bikes é formada por pelo menos seis jovens e ataca pedestres. A das motos tem em torno de quatro homens armados e também ataca moradores quando entram ou saem de casa. A rota de fuga é pela favela São Remo.

Os relatos também foram parar na internet, numa página com 900 seguidores.

Tereza Viyriela, 64, que mora no local há 30 anos, instalou cercas de arame farpado e trocou o portão por um automático “para entrar o mais rápido possível”. “Parece que eu moro num presídio. A gente está preso e vive com medo”, diz. Sua família foi roubada três vezes.

O estudante Lucas Foratto, 19, que é vizinho da dona Tereza há dois anos, teve a bicicleta levada pela gangue das motos quando estava chegando em seu apartamento na av. Nossa Senhora da Assunção, outra via crítica.

“Essas gangues surgiram neste semestre antes não era assim”, diz ele que anda 2 km a mais para chegar em casa depois que refez o trajeto com medo de novos assaltos.

Um grupo está montando um dossiê para enviar à Secretaria de Segurança. À Folha policiais dizem, na condição do anonimato, que o policiamento não acompanhou a expansão do bairro.

Procurada, a PM diz que combate o crime na região com ações ostensivas.