O Ministério Público em Santa Catarina informou nesta segunda-feira (9) que foi mal interpretado pela Polícia Militar em sua proposta de regular o policiamento na Arena Joinville, onde torcedores de Atlético-PR e Vasco brigaram no domingo (8).

Sem policiais dentro do estádio, as duas torcidas começaram a se enfrentar aos 17 minutos do primeiro tempo, interrompendo o jogo por mais de uma hora. Quatro torcedores ficaram gravemente feridos, dos quais só um permanece internado, e três foram presos.

O promotor Francisco de Paula Fernandes Neto informou, via assessoria, que a ação ainda é só uma proposta, que não foi apreciada pela Justiça e que, se tivesse sido aceita, só seria aplicada em 2014. 

 O objetivo, segundo o promotor, é evitar “desvio de finalidade da Polícia Militar”. Ele entende que, no estádio, a segurança deve ser feita pelos organizadores do evento, e à PM cabe apenas supervisionar.

O comandante da PM em SC, Nazareno Marcineiro, declarou que teve acesso à ação, que o texto considera “ilegal” o emprego de policiais para compor “a barreira que divide os torcedores” e que não colocou tropas dentro da Arena porque estaria “sujeito a responder criminal e civilmente” pelo ato.

Marcineiro acrescentou que havia 113 policiais no entorno do estádio e que “tão logo configurou-se a quebra da ordem pública, a Polícia Militar agiu de pronto, com o resgate aéreo de torcedores feridos”.

ESTÁDIO ALUGADO

A Fundação de Esportes, Lazer e Eventos de Joinville, que administra a Arena, informou que “só aluga” o estádio ao Atlético-PR e que a segurança particular é de responsabilidade do clube.

“Pelo nosso contrato, o clube deve cuidar da segurança e avisar a polícia”, disse o diretor da autarquia, Fernando Krelling.

Segundo ele, o clube sabia que não haveria policiamento dentro do estádio desde sexta-feira (6), quando se reuniu com a corporação no local.

“No jogo contra o Náutico, duas semanas atrás, também não teve policiamento”, acrescentou Krelling.

SEGURANÇA PARTICULAR

O Atlético-PR contratou a Mazari Vigilância, de Joinville, para cuidar da segurança do estádio.

Segundo o proprietário da empresa, Arilson Alves, o clube pediu 60 homens para fazer as revistas e o cordão de isolamento e comunicou que traria outros 30 de Curitiba para ajudar no trabalho.

“Nós fornecemos o número de seguranças que o cliente pede. Eu acho que 60 é muito pouco para um jogo assim, mas não sou eu que decido. Na hora da confusão, a gente estava com 15 ou 20 (na arquibancada). Não tinha como evitar [a briga] nunca”, disse ele.

O Atlético-PR divulgou nota dizendo que “lamenta os acontecimentos bárbaros” e informando que “a diretoria administrativa e o conselho deliberativo tomarão todas as providências para identificar os envolvidos e puni-los”. Mas não comentou o número de seguranças presentes durante a partida.

PRESOS

A Polícia Militar deteve três torcedores do Vasco e três do Atlético-PR após a briga.

Os vascaínos foram presos em flagrante, e nesta segunda-feira foram transferidos da central de polícia ao presídio de Joinville (170 km de Florianópolis).

Eles foram indiciados sob suspeita de tentativa de homicídio, associação para o crime e incitação da violência, segundo o delegado Dirceu Silveira.

Os atleticanos foram conduzidos à delegacia “para averiguações”, mas foram soltos durante a noite porque não houve flagrante.

O delegado Silveira informou que a polícia está com as imagens da briga, que “há vários outros envolvidos” além dos três vascaínos e que trabalha para identificar “todos os partícipes do evento”.