O lobista Arthur Teixeira disse em depoimento ao Ministério Público que o ex-diretor da Siemens Everton Rheinheimer, um dos delatores do cartel que atuou no Metrô e na CPTM, dava sinais de que queria receber alguma “participação” em negócios da multinacional com as estatais paulistas de trens.

O delator “insinuava interesse em receber algum valor”, segundo ele.

Teixeira está sob investigação da Polícia Federal e do Ministério Público sob suspeita de ter intermediado o repasse de propina a políticos do PSDB e servidores estaduais em projetos de interesse da Siemens e outras empresas do cartel.

Ele foi contratado por um consórcio do qual a Siemens fazia parte, o Sistrem, que é acusado pela própria multinacional de ter feito um conluio para ganhar a licitação da CPTM para a construção da atual linha 5 do Metrô.

O consórcio era formado por Siemens, Alstom, CAF e DaimlerChrysler, que subcontrataram a Mitsui e a TTrans. A subcontratação foi combinada, segundo a Siemens.

O lobista diz que não participou da formação do consórcio, mas assessorou e gerenciou parte do contrato.

Teixeira contou ao promotor Valter Santin que recebeu em 2008 um carta com acusações sobre irregularidades praticadas em contratos do Metrô e da CPTM. O texto apontava que ele era intermediador de propinas

O lobista disse que interpretou que o texto era de autoria de Rheinheimer e que a remessa da carta, que só se tornaria pública depois, seria uma “proposta de negociação”. O documento informava que a carta seria encaminhada às autoridades.

Teixeira afirma, porém, que não foi procurado e nem procurou Rheinheimer.

O lobista contou que foi contratado pela Alstom e ADTrans em 2001, quando a CPTM paralisou pagamentos de um projeto de reforma de trens da série 1700. Disse ter feito “uma mediação entre a CPTM e os próprios fornecedores”, e os pagamentos foram restabelecidos.

Teixeira disse que não é lobista nem repassou propinas. A Siemens não se manifestou.