Ainda era madrugada quando ontem, 10, agentes de 10 das 11 unidades prisionais na Nova Alta Paulista cruzaram os braços em adesão a greve liderada pelo Sindasp-SP (Sindicato dos Agentes de Segurança Penitenciária do Estado de São Paulo).
A paralisação foi decidida na última quarta-feira, 5, após aprovação da greve nas assembleias gerais, realizadas pelas delegacias regionais do Sindicato em todo o Estado.
A greve visa pressionar o Governo do Estado a atender a pauta de reivindicações dos funcionários da categoria: reajuste salarial de 20,64%, mais 5% de aumento real do salário; criação da Lei Orgânica para ASP (Agente de Segurança Penitenciária) e AEVP (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária), correção do auxílio-alimentação e fim do teto base, fardamento para ASP ou valor equivalente em dinheiro, promoção de 30% dos funcionários ao ano, fim da LPTR (Lista Prioritária de Transferência Regional) e agilidade na LPT (Lista Prioritária de Transferência), aposentadoria integral aos 25 anos de contribuição, convocação remunerada durante a realização de blitz e criação de mais uma folga ao mês.
Tiago Pellini, representante do Sindasp-SP na região informou na manhã de ontem, 10, a reportagem que 10 unidades prisionais na Nova Alta Paulista foram atingidas pela paralisação, exceto a penitenciária de Irapuru.
A greve paralisou agentes nas unidades prisionais de Dracena, Flórida Paulista, Junqueirópolis, Lucélia, Osvaldo Cruz e Pracinha, além de Pacaembu e Tupi Paulista, onde existem duas unidades por município. Pacaembu deverá receber outras duas novas unidades.
“A greve teve adesão de pelo menos 70% em todo o Estado. Na Nova Alta Paulista a adesão é de 90%”, informou.
Por telefone, a assessoria da SAP informou que não tem conhecimento do número real de agentes que aderiram à greve.
Tiago Pellini disse que o déficit de funcionários nas unidades prisionais na região é grande e que estão superlotados.
“Atualmente a defasagem de agentes penitenciários fica em torno de 40 funcionários por unidades, além dos presídios estarem superlotados, o que gera uma demanda maior de trabalho por parte dos agentes”, disse.
Segundo ele, atualmente todas as unidades da região; 11 no total abrigam cerca de 20 mil presos, quando foram projetadas para comportar menos da metade, 8,5 mil.
Questionado se a greve compromete a segurança nos presídios, Tiago Pellini respondeu que os trabalhos referentes às questões de segurança, foram mantidos e funcionam normalmente e que somente estão paralisados agentes de outros setores: transporte para Fórum e Júri; atendimento a advogados, oficiais de Justiça, assistentes sociais e psicólogos; transferências, Sedex, atividades esportivas, escola, visitas, manutenção (somente emergências), recebimento de presos e de plantões policiais.
A SAP – Por meio de nota a SAP (Secretaria de Administração Penitenciária) informou que desde a última quinta-feira,6, os presidentes dos sindicatos que atuam no sistema prisional paulista têm conhecimento de que foi agendada para hoje, 11, reunião na Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento, com o objetivo de discutir a pauta de reivindicações.
CONSEQUÊNCIAS – Caso, Governo e o Sindicato que representa a categoria não cheguem a um acordo, a greve deverá prosseguir sem previsão de término. A intenção dos agentes é que se a caso a greve prosseguir, as visitas aos detentos nas unidades serão suspensas já a partir deste final de semana.
P2 – Fora da Nova Alta Paulista, a greve atinge também a Penitenciária 2 (P2), em Presidente Venceslau, onde está preso Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, apontado como líder da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) e é considerado um dos mais perigosos bandidos do País.
A greve acontece quase duas semanas após um relatório feito pelas policias Militar e Civil e pelo MPSP (Ministério Público do Estado de São Paulo), entregue a Justiça, que informava a possibilidade de Marcola e outros três detentos que também integram o PCC serem resgatados por outros membros da facção.