Que o futebol é gostoso de jogar e assistir é afirmativa com o qual deve concordar a maioria dos brasileiros, inclusive eu. Mas essa paixão não deve inibir o espírito crítico em relação ao uso que lhe dão muito políticos e dirigentes. 

Para começo de conversa e o desperdício de dinheiro que está acontecendo neste País, sediar a copa do mundo não deve ser motivo de orgulho nacional. Ora, nenhum País do continente das Américas se dispôs a receber, financiar e organizar o evento. Só o Brasil. Por quê? Porque dois personagens que para pôr em prática seus projetos pessoais, manipularam o entusiasmo da população. São eles, o ex-presidente da CBF que pretendia ser presidente da Fifa, e o ex-presidente da república para implantar cada vez mais o seu tradicional populismo.
Passada a euforia o que se vê? Estádios caros, superfaturados e grande parcela deles inúteis, levantados com dinheiro público em locais que nem possuem times de futebol de primeira divisão.
Para que servirão depois da copa? Serão verdadeiros elefantes brancos. Exemplo eloquente, o estádio de Brasília custou mais do que o novo Maracanã e depois da copa receberá campeonato regional com média de mil pessoas.
Uma importante revista publicou em seu editorial que para a Fifa teriam bastado de 8 a 10 estádios, mas o governo brasileiro queria levantar 17 e não aceitou ficar com menos de 12. Resultado: num País de muita carência gastou-se com estádios até o que se conhece 8 bilhões de reais, isto sem contar com os incentivos fiscais e similares.
Quantos hospitais, escolas, rodovias, aeroportos, presídios, poderiam ser construídos, reformados ou ampliados? Apesar dessas evidências há uma falsa cidadania. Quando o secretário geral da Fifa afirmou que o Brasil deveria receber “um ponta pé no traseiro” por conta do atraso no cronograma, será que o dirigente francês não tinha razão quanto ao conteúdo?
A intenção do presente artigo não é evidentemente opor cidadão e torcedor, pois as duas condições podem conviver no mesmo indivíduo. Contudo, é preciso reconhecer que é mais importante ser cidadão que torcedor. Um país justo, democrático, culto, pode existir sem torcedores, mas nunca sem cidadãos.
Neste momento como amante do futebol só me resta torcer para que nossos atletas façam bonito, represente bem nosso País e consigam o tão almejado título, sem esquecer que no dia seguinte, tudo voltará à triste realidade: hospitais superlotados, falta de transporte e segurança, professores mau remunerados, etc, etc, etc…Vai Brasil.

*diretor de escola e ex-presidente da Câmara Municipal Dracena