Já está próximo de 100 o número de casos positivos de leishmaniose no município de Lucélia. Os números são de reclamações que a Vigilância Sanitária – Controle de Vetores e Controle de Zoonoses – recebeu de janeiro até o momento, na qual 98 casos já foram confirmados. Em humanos, os casos positivos são três.

Dados do inquérito canino realizado pelo setor em 2013 apontam 434 casos de leishmaniose diagnosticados entre 13 de maio e 30 de dezembro do ano passado, destes, 374 passaram por eutanásias e 60 morreram antes mesmo do resultado final do exame. Ou seja, foi eliminado o chamado reservatório da doença, os cães. Mas ainda assim, a contaminação da doença continua.

Este cenário preocupa o poder público, que embora não considere uma epidemia, tem desenvolvido ações de prevenção no município. “As pessoas tem conhecimento, mas falta consciência”, disse a diretoria da Vigilância Sanitária – Controle de Vetores e Controle de Zoonoses, Rosimar Gasparotto. Para ela, se todos higienizassem suas residências da forma correta, ou seja, eliminando toda matéria orgânica, a proliferação do mosquito palha seria menor. “Todo ambiente úmido atrai o mosquito, além disso, sua principal fonte de alimentação é a galinha e muitos criam o animal na zona urbana, mesmo sendo proibido”, explicou.

O setor se programa agora para realizar um novo inquérito canino em toda cidade na segunda quinzena de agosto, a fim de detectar novos casos da doença.

Durante esse processo, os cães são sujeitos ao teste rápido que em dois dias aponta se ele está ou não contaminado com a leishmaniose. Em seguida, as amostras são levadas para o Instituto Adolfo Lutz para o exame sorológico, cujo resultado sai em 30 dias. Caso este resultado seja positivo, o proprietário do cão pode ainda, fazer uma contraprova do exame, paga por ele. Com a confirmação da doença, é necessária a eutanásia, uma vez que o tratamento da doença em cães não é reconhecido pelo Ministério da Saúde.
De acordo com Rosimar Gasparotto, este ano o inquérito será mais vigoroso, e por isso, levará de 6 a 8 meses para ser concluído.

Diferente da leishmaniose canina, a doença quando detectada em humanos pode ser tratada. Nestes casos, o acompanhamento é feito pela Vigilância Epidemiológica do município, sob responsabilidade da enfermeira Vânia Elena Lopes Hette.

Após o diagnóstico da doença, os pacientes são encaminhado à Marília para os exames de sangue e ultrassom, e partir disso, é iniciado o tratamento. Neste período, a equipe da Vigilância Epidemiológica acompanha por seis meses o paciente, que é medicado em casa.
A enfermeira explica que os sintomas são facilmente confundidos com outras doenças. Os primeiros sintomas são febre, diarréia e vômito, mas o que caracteriza a leishmaniose em humanos é o aumento do fígado e baço, que tende a ficar inchados.

A doença é grave e pode levar a vítima ao óbito, como já ocorreu em Lucélia no ano de 2010, com uma criança de um ano.

O combate ao mosquito palha é mais delicado do que de outros mosquitos como o transmissor da dengue, por exemplo.

De acordo com a diretora da Vigilância Sanitária, a pulverização é bastante complexa, pois o veneno é aplicado nas paredes da residência. Para ela, a forma de combate ideal é a higiene de cada ambiente domiciliar. “Já fizemos ações como manejo ambiental, mutirão de limpeza para a retirada da matéria orgânica, além de orientação à população, mas depende de cada um manter os quintais limpos”.