A cada dia, percebe-se um aumento de pessoas com deficiência física (PcDs) ou intelectual no mercado de trabalho, seja nos supermercados, lojas, fábricas ou qualquer outro setor. A contratação dessas pessoas deve ser vista como qualquer outra, com todos os direitos, deveres, condições e profissionalismo. Enfim, atributos inseridos a qualquer empregado. Na contratação, o deficiente não procura por assistencialismo, mas sim por oportunidades.
As empresas buscam pela contratação desses funcionários através da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Dracena que trabalha como mediadora na contratação. Equipe composta por terapeuta ocupacional, assistente social e psicóloga realiza uma triagem para verificar quais alunos da entidade se encaixam no perfil solicitado pela empresa, de acordo com suas habilidades. “Procuramos avaliar se o aluno tem uma boa compreensão e coordenação motora. Tudo deve ser avaliado para que ele não seja colocado em risco”, explicou a psicóloga da entidade, Ana Beatriz de Oliveira Souza Vello.
A Apae juntamente com as famílias dos alunos selecionados, verificam as condições de trabalho, analisam todas as possibilidades de cuidados para que o futuro trabalhador não corra quaisquer riscos. Porém, “a decisão final de aceitar ou não a vaga de emprego é sempre da família do indivíduo com deficiência”, informou a psicóloga.
A coordenadora Lucicarla Foratto mencionou que muitas famílias não aceitam inserir o aluno no mercado de trabalho, uma vez que, ao ser registrado na carteira de trabalho, o benefício é suspenso. Entretanto, ela afirmou que caso o PcDs seja demitido ou afastado por quaisquer razões, o benefício retorna.
Em Dracena, alguns deficientes já estão empregados há mais de cinco anos. A diretora Adriana Miagui Despencieri contou que após a inserção no mercado de trabalho a Apae não perde o vínculo com o aluno. Ele deve comparecer à entidade duas vezes por semana para um almoço com os demais alunos, e também se consultar com a psicóloga.
A atuação do deficiente no mercado de trabalho, além de aumentar a capacidade de compreensão, estimula a socialização. Eles fazem amizades, criam responsabilidades e tudo isso faz com que eles se sintam motivados e úteis, como qualquer outra pessoa. “Os gerentes costumam elogiar esses funcionários, porque dentro da capacidade de cada um, eles são responsáveis e cumprem com as tarefas corretamente”, salientou Adriana.
Se caso venha ocorrer qualquer tipo de problema na execução das tarefas, a empresa entra em contato com a Apae para averiguar se o aluno está passando por algum problema familiar.
ENTIDADE – A Apae de Dracena é uma entidade beneficente sem fins lucrativos, que tem como missão a melhoria das condições físicas, sociais e psíquicas da pessoa com deficiência intelectual, múltipla e/ou transtorno global do desenvolvimento através de ações de defesa de direitos, prevenção, prestação de serviços e apoio à família com vistas à sua inclusão na sociedade. A entidade tem como atual presidente Arnaldo Registro.
COMÉRCIO – A Rede Troyano de Supermercados é uma das empresas que mais realizam a contratação de pessoas com deficiência física. Atualmente, aproximadamente 14 funcionários cumprem com suas atividades nos mais diversos setores.
A gerente do Troyano Mais, Emilene Troiano Rufino, responsável também pelas contratações, contou à reportagem, que, a entrada desses trabalhadores no supermercado não costuma gerar quaisquer desconfortos à sociedade ou aos demais funcionários. “Eles são acolhidos por todos e desenvolvem muito bem todas as atividades. A deficiência não impede a atuação deles no circulo social”, ressaltou.
Emilene, ainda, disse que a inclusão dos deficientes no ambiente de trabalho faz com que os demais trabalhadores reflitam questões simples do dia a dia e repensem diversas questões sociais, como a forma de tratar as pessoas e o verdadeiro valor de situações simples do cotidiano. “Eles têm muito a nos ensinar, enfatizou a gerente.
Fabiano Valverde, 30 anos, trabalha no Troyano Mais como empacotador. Já trabalhou em outro estabelecimento do mesmo setor e disse gostar do que faz.
Elisabete Costa, 35 anos, trabalha na padaria do supermercado e também disse estar muito feliz com o emprego. Ela é responsável pela produção dos recheios de bolos e doces na padaria. Já Angelita Martinez, 37 anos, trabalha no supermercado há seis anos e contribui com as atividades no setor de hortifruti.
Os funcionários ao serem contratos passam por diversos setores, com objetivo de identificar o perfil onde ele melhor se sairá com a realização das atividades.
LEI DE COTAS – A lei de cotas exige que empresas com mais de 100 funcionários destinem vagas de trabalho voltadas às PcDs. Se a companhia tiver de 100 a 200 colaboradores, a exigência é de 2% das vagas, já para empresas que tenham de 201 a 500 funcionários, o mínimo exigido é de 3%; de 501 a 1.000 funcionários a exigência é de 4%. Acima disso, o percentual é de 5%.