País sem memória é país sem identidade, ressalta o professor aposentado da Unesp e historiador João Francisco Tidei Lima. Por isso, as Comissões dos Direitos Humanos, em todos os níveis, têm razões de sobra para recuperar a documentação produzida no período da ditadura militar (1964 a 1985). Embora sejam tratados como omissos em momentos importantes da história do Brasil, alguns atletas foram às ruas para engrossar os protestos contra o regime totalitário que rompeu no início dos anos 1960.

Nem todos se alienaram
Como lembra a velha guarda, nem o futebol escapou. Basta lembrar os protestos de Nando Antunes, irmão de Zico, ex-atleta do Flamengo e da seleção brasileira; do meia jauense Afonsinho que começou no XV e depois defendeu com sucesso o Botafogo do Rio e o Santos; do atacante Reinaldo, revelado pelo Atlético Mineiro e titular da seleção brasileira de 1978, no mundial da Argentina.

Cabeça pensante
Em 1964, ano do golpe militar, Fernando Antunes Coimbra (Nando) circulou pelos aspirantes do Fluminense, América, Madureira, até chegar ao Ceará, em 1968. Fora do campo, estudou na Faculdade Nacional de Filosofia e, como professor, aplicou o plano Paulo Freire, em programa de alfabetização, o suficiente para ser fichado pela polícia política carioca. Paulo Freire tinha sido cassado pela ditadura.

Dos gramados para os porões
Como futebolista, Nando (ainda no Ceará) seria contratado pelo Belenenses de Portugal. No entanto, logo dispensado, em função da ditadura salazarista naquele país. O irmão de Zico e de Edu (outro da família que atuou no América/RJ) retornou ao Brasil e, imediatamente, foi preso e torturado pelos militares.

Carregou a bandeira
Afonso Celso Garcia Reis (Afonsinho), hoje com 67 anos, foi revelado pelo XV de Jaú, em 1962. Três anos depois, negociado com o Botafogo carioca onde foi campeão por várias vezes. Liderou a luta dos jogadores em favor do passe livre, direito que lhe foi reconhecido em 1971, e mais tarde estendido à categoria. Inimigo declarado da ditadura de 64, formou-se médico e, até hoje, participa do programa Saúde da Família, na Ilha de Paquetá, no Rio.

Ficou pelo caminho
Um dos atacantes mais técnicos e inteligentes do futebol brasileiro, o mineiro Reinaldo também se insurgiu contra o golpe militar. Encerrou a carreira prematuramente, em razão dos pontapés de zagueiros adversários que estouraram seus joelhos. Antes de mergulhar no ostracismo, esteve envolvido com drogas. De vez em quando, aparece em programas esportivos da televisão.

Gestão fracassada
As contratações equivocadas, os salários exagerados e os diretores pouco comprometidos com os destinos do clube estão levando o Santos para o buraco. Até mesmo a eleição para renovação da diretoria foi anulada, sob suspeita de fraude. A imprensa destaca que até mesmo os salários dos empregados estão atrasados. Crise que somente será debelada com a venda de dois ou três jogadores do elenco.

Fora do armário
Esta semana, o esporte do país foi abalado pelo noticiário, envolvendo Banco do Brasil e Confederação Brasileira de Vôlei. O BB cortou o patrocínio das vitoriosas seleções masculina e feminina que conquistaram títulos em Olimpíadas, Grand Prix e mundiais. Jogadores esclarecidos como Murilo, Gustavo, Bruninho e o treinador Bernardinho cobram apurações urgentes dos fatos e punição exemplar aos cartolas.