A utilização do prédio concluído em 2012, nos fundos do bosque do Jardim Brasilândia e que seria destinado para um velório municipal no bairro, gerou debates nas duas últimas sessões da Câmara de Dracena.
Requerimento do vereador Kielse Munis, aprovado na sessão de segunda-feira, 2, solicitou ao Executivo, informações sobre pedidos de sua autoria, das providências que estão sendo tomadas em relação ao prédio.
Kielse relata que em 2008, quando foi candidato a vereador, um dos bairros onde mais obteve votos foi no Jardim Brasilândia. “Apesar de não vencer, continuei me empenhando pelas causas do bairro e firmei parceria com o deputado estadual Orlando Morando (PSDB). Em 2010, consegui junto a ele, uma emenda parlamentar para a Casa da Criança, no valor de R$ 50 mil e por conta desse trabalho o deputado obteve 144 votos em Dracena”, informa.
Com a eleição, Kielse explica que Morando confirmou que enviaria uma verba de R$ 100 mil para Dracena. “Entrei em contato com o prefeito na época, Célio Rejani, falei do deputado, da nossa parceria e solicitei a ele que definisse o objeto da obra. O Célio me procurou dias depois e me comunicou que havia conversado com o presidente da Associação dos Moradores do Jardim Brasilândia (o atual vereador Luiz Coelho), e o mesmo o informou que a prioridade número um do bairro era um velório, o prefeito na época também ouviu a Associação”, prossegue o vereador.
A falta do velório, de acordo com Kielse fazia com que muitos familiares velassem os corpos de parentes no centro comunitário do bairro e logo após serem realizados eventos no local ou nas casas, ao invés do Velório Municipal, como ainda acontece hoje.
“Então ficou definido pela construção do velório com os R$ 100 mil da emenda do deputado, mais R$ 50 mil de contrapartida pela Prefeitura”, enfatiza.
Kielse explica que a princípio, o prédio do velório seria construído ao lado do Posto de Saúde do bairro, mas moradores o procuraram e solicitaram que o mesmo fosse construído em uma área mais afastada e o Célio procurou um local que na época era adequado por não ter construções ao lado, que é nos fundos do bosque do bairro, onde foi construído.
Hoje a área está urbanizada e com casas no entorno. “Em 2012, José Antonio Pedretti foi eleito prefeito e ao tomar posse em 2013, assumiu compromisso do velório não funcionar naquele local. Como vereador também eleito naquele ano, encaminhei ofício ao prefeito, sugerindo que o prédio fosse utilizado para outras funções, ou para um Centro do Idoso (CI), uma escola de informática para atender os moradores do bairro que necessitam desse serviço ou um centro de distribuição de remédios”, acrescenta Kielse.
A sugestão do centro de distribuição de remédios, de acordo com o vereador é importante porque aliviaria o movimento no Postão (Centro de Saúde Takashi Enokibara) que normalmente fica lotado e evitaria que a população carente do Jardim Brasilândia, bairros São Francisco, Santa Clara e adjacências, atravessassem a cidade para conseguir os remédios.
“Portanto, quem fez a primeira indicação ao prefeito sobre as possibilidades de utilizar o prédio para outros fins fui eu. Em nenhum momento indiquei a construção do velório com a verba, a decisão foi do ex- prefeito (Célio), em conjunto com a Associação dos Moradores e fiquei surpreso com a notícia de que o presidente da Associação tenha pedido ao prefeito (Pedretti), a definição de que o prédio irá sediar, sendo que o meu pedido já havia sido feito”, acentua Kielse Munis.
Ele ressalta que por isso apresentou o requerimento na Câmara, questionando o Executivo, se ele tinha conhecimento de que ele havia protocolado pedido igual (ao de Coelho) em 2013 e 2014.
Kielse esclarece que o seu objetivo é que o prédio construído com recursos públicos que seja ativado e não permaneça fechado como está hoje. “Agora tem o procedimento político de alteração do objeto da obra, o prefeito precisa entrar em contato com o deputado Morando para alterar junto ao Governo do Estado a destinação do prédio e dar o mérito a quem de direito”, conclui.
LUIZ COELHO – O vereador Coelho, por sua vez, explica que como morador do Jardim Brasilândia, há mais de 30 anos, antes mesmo de ser presidente da Associação dos Moradores, conhece as necessidades do bairro. “Como representante da Associação, entregava os pedidos de cada necessidade aos prefeitos”, enfatiza.
“O Jardim Brasilândia tinha necessidades de todo tipo de infraestrutura e quando o bairro já possuía mais de 90% de asfalto, como presidente da Associação, apontei a construção do velório que era uma prioridade, já que os corpos dos mortos dos familiares eram velados no centro comunitário, igreja e casas”, explica Coelho.
O vereador salienta que apontou a indicação do que fazer com o recurso, mas a destinação da verba é iniciativa do prefeito. “Indiquei o local próximo ao posto, não sei porque foi construído em frente a uma área verde”, informou.
“Os moradores utilizam a área verde como lazer, o velório ficou inadequado no local, eles querem a obra, mas não ali. Na época da construção queriam demolir o prédio”, lembra.
Coelho afirma também que quando venceu a eleição (em 2012), com Pedretti, o prefeito constatou a recusa dos moradores do entorno, em relação ao velório. “Em vista disso, o prefeito está negociando com o Governo do Estado, para mudar o objeto da obra, mas é um processo demorado porque é burocrático”, afirma.
Ele explica ainda que o prédio não está abandonado e a madeira que está guardada no interior deverá ser utilizada para o projeto da Prefeitura que é construir um Centro do Idoso (CI) nas proximidades. “Vai englobar um projeto mais amplo que a Prefeitura está programando”, afirmou.
PREFEITURA – Em nota, a diretoria de comunicação da Prefeitura, informou ontem que: “Dracena recebeu recursos para a construção de velório no Jardim Brasilândia em anos anteriores e os moradores do bairro e adjacências procuraram a atual Administração para solicitar que o local fosse destinado para outra finalidade, como espaço para a Saúde ou projetos da Assistência Social”.
Prossegue a nota informando que para atender ao pedido da população, o prefeito José Antonio Pedretti, solicitou a troca do objeto do convênio à Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão e aguarda posicionamento oficial da mesma sobre a destinação do prédio.