Brasilândia completa 50 anos hoje, 25. É o aniversário de sua emancipação político-administrativa e isso demonstra que a maturidade chegou. Para trás ficaram a nostalgia e a inocência dos primeiros passos rumo à civilização. Tempo de aprendizado quando ainda era possível tolerar o erro e a dúvida. 2015 é o ano em que a cidade esperança completa meio século de existência e já não há mais tempo para remédios, promessas e alento que só empurram a realidade dois passinhos para frente. O tempo de aprendizado já expirou e a idade da razão lhe chega com a força de um vendaval: a menina moça de ontem se transformou na jovem senhora de responsabilidade de agora.
A poeira, a distância e os maus bocados vividos pelos saudosos, e também as alegrias e sonhos que refrigeram a alma do viajante lhe diz no peito que valeu a pena ter vivido. Mas tudo isso foi ficando para trás. Agora é hora de olhar em frente, pois Brasilândia mudou. Já não a chamam mais de ‘vila’ como outrora. As fazendas, agora, são empresas e os trabalhadores do campo são empreendedores e administradores de seus próprios negócios. Ainda que sintam saudade da vida no campo e dos tempos áureos do esplendor das fazendas. Enfim, o progresso os alcançou, dando-lhes a oportunidade de serem considerados cidadãos de direitos.
Se ontem vinham para a cidade a cavalo, charrete ou de carona aos cuidados do patrão, hoje eles chegam dirigindo veículos próprios, adquiridos com seus esforços, o que lhes confere dignidade e autoestima. Os patrões, agora, muito pouco precisam, como antigamente, fretar um ônibus e trazê-los para as compras e compromissos particulares a cada final de mês. No mundo do celular, as distâncias e o tempo encurtaram, facilitando os negócios e os contatos entre esposa e filhos, entre pais e amigos.
Não por acaso uma política pública inclusiva do Governo Federal e municipal tem proporcionado a geração de renda e oportunidade para aqueles que por muito tempo pouco foram lembrados. Em que pese a crítica pertinente dos abastados, Brasilândia, somente assim conseguiu deixar para trás a miséria que um dia bateu-lhe a porta. Não há muito tempo havia favelas e barracos de lona em pleno centro da cidade num cinturão de indigência e desalento.
Um tempo que já vai longe. Tempo que definitivamente ficou para trás com os programas habitacionais e de assistência às famílias em situação de risco que foi sendo implantado ao longo dos anos por governos nos últimos tempos. Lembrança que faz encher os olhos de lágrimas daqueles que sabem o que é passar fome na vida.
Por isso, neste aniversário, entre tantos eventos e desejos de festas na programação oficial que é realizada todos os anos em homenagem a cidade, é necessário brindar e agradecer a Deus pelo trabalho, às vezes escassos pelas circunstâncias do tempo, mas que tem conferido a esta cidade oportunidade de crescimento, progresso e qualidade de vida.
Hoje Brasilândia vislumbra um futuro cada vez mais próspero e que enche de esperança a todos. Não sem o esforço de cada um na engrenagem humana que alimenta o tecido social da municipalidade. E o povo, mesmo aquele que aparentemente reclame do rumo dos acontecimentos políticos da urbe e do País, ainda assim é possível festejar a condição humana que tem possibilitado investimento no emprego – ainda que escasso e cada vez mais exigente –, e que tem permitido a colocação profissional para muitos filhos desta terra.
Apesar da dificuldade vivida pelo momento atual, fruto da recessão e desmandos nos altos escalões, o que tem gerado descrédito em muitos, aos homens de bens, tementes a Deus e otimistas do bem comum, entretanto, não há espaço para desalento. Quando o desânimo nos espreita, é preciso olhar para a fachada das lojas e dos prédios de nossa cidade, perceber a beleza das casas e o ritmo de crescimento assustador da cidade que aos poucos vai se transformando. Há muitos cidadãos que respiram o desejo de tornar essa cidade habitável e linda para os olhos de quem nela vive.
Nos 50 anos de aniversário de Brasilândia, no curso dos 13 mandatos do Executivo, dez prefeitos que por aqui passaram: José Francisco Marques Neto, Patrocínio de Souza Marinho, Julião de Lima Maia, Paulo Simões Braga, Adilson Alves da Silva, Neuza Paulino Maia (2x), José Cândido da Silva, Marilza Maria Rodrigues do Amaral (2x), Antônio de Pádua Thiago (2x), e o prefeito atual Jorge Justino Diogo. Todos deixaram sua marca ao plantar as pilastras do desenvolvimento e bem-estar aos brasilandenses. Cabe a eles, seus vices e o corpo legislativo de cada uma dessas épocas, as nossas homenagens.
Homenagem que também alcança os primeiros habitantes desta terra, os indígenas Ofaié, e todos os demais homens e mulheres que foram se achegando, do nordeste, das minas gerais, do estado paulista e do sul do Brasil, que cruzaram as estradas para aqui fixar suas propriedades neste meio século de existência. O vento do progresso bate no rosto do peão, e a revoada da poeira à sua costa, ainda o faz lembrar a comitiva, a boiada, e o toque do berrante, num espaço aonde a pecuária cada vez mais vai diminuindo os espaços.
Ah, quanta saudade das festas e bailes que alegravam as antigas fazendas, temas estes possíveis de alcançá-los, hoje, somente nas manhãs sertanejas da FM Cidade, e eventos da Feira de Viola, que ajudam o migrante do campo espantar a tristeza do sufoco da monocultura e a falta de seu rio, que desterra o campesino e ribeirinho de seu lar.
No aniversário de Brasilândia, não há espaço para tristeza e desalento. É tempo de olhar em frente e renovar a esperança. Os comensais estão à mesa e festejam a democracia. E eles mesmos se servem com talheres de justiça e progresso. Para, quando o prato principal do desenvolvimento esperado e sonhado for servido, todos possam desfrutar da alegria de olhar para o amanhã e confirmar o orgulho de ser brasilandense.
Salve Brasilândia pelos seus 50 anos de emancipação político administrativa! Parabéns povo trabalhador desta cidade fundada pelo patriarca Arthur Hoffig, a nossa cidade esperança!
*Professor e escritor, especialista e mestre em história pela UFMS -http://dutracarlito.com
