Ao passo que a desaceleração da economia brasileira vem provocando expressivo aumento no número de empresas com dificuldades financeiras, o mesmo cenário também propicia oportunidades interessantes para investidores dispostos a correr certos riscos, devidamente calculados, visando à obtenção de retornos significativamente superior quando comparados aos de mercado.

Para esse tipo de investidor, a crise é vista como uma atraente ocasião de aquisições. Atentos ao momento de instabilidade, buscam-nos mais diferentes setores da economia e até mesmo em diferentes áreas produtivas uma boa oportunidade de negócios.
Na lista estão inclusos tanto investidores nacionais, especializados nesse tipo de negócio, quanto grandes fundos internacionais. Estes, munidos com um dólar cada vez mais forte e valorizados, surgem com mais frequência e maior interesse no momento vivido pelo nosso país.
Como alvo, os investidores selecionam desde empresas em dificuldades, imóveis, até mesmo empreendimentos inteiros de incorporadoras. Observam também, com atenção, os passos de grandes construtoras em apuros, principalmente as que têm sofrido em consequência do envolvimento com o esquema de corrupção com a Petrobras, investigado pela Polícia Federal.
Outro alvo de interesse é o setor produtivo. A crise vivida pelas usinas e até mesmo por fazendas em decorrência da falta de chuvas que assolou o país no ano passado atraiu a atenção principalmente de estrangeiros ávidos em investir numa ação que, claro, envolve riscos pela incerteza, mas que também oferece possibilidades de retorno significativamente superior.
No perfil desses investidores, existem outras peculiaridades. Há os que investem com um prazo estipulado para sair, assim como os que não só investem como também arregaçam as mangas para trabalhar, promover uma sequência de transformações, visando à reestruturação do negócio, o que é conhecido no universo administrativo como Turnaround.
Preocupante, a crise econômica nacional não é exclusividade de um único setor. Em todas as regiões do país, a situação tem deixado muitos empresários com urgente necessidade de vender, passar à frente seu negócio ou, ao menos, contar com o auxílio de um sócio capitalista. Por outro lado, muitos são os interessados em investir, justamente, nessas empresas em dificuldade.
Desse seleto rol de investidores, nem todos são experientes nesse tipo de negociação. Muitos possuem recursos financeiros, mas carecem de expertise para escolher os ativos ou para conduzir o processo. Nesses casos, contar com auxílio especializado pode fazer diferença. Esse tipo de profissional pode selecionar onde investir, ajudar na intermediação da negociação, bem como assessorar em uma possível reestruturação necessária para a companhia.
Se o momento é de complicações para a sobrevida empresarial, é, também, ideal para abrir os olhos e as portas para investidores que buscam tal oportunidade. Como crava o dito popular, trata-se, afinal, de se juntar a fome com a vontade de comer.
* é especialista no segmento de reestruturação financeira e fundador da consultoria Estratégias Empresariais