Há uma história interessante, que talvez você já conheça, que explica muito bem a “crise” pela qual passa o Brasil. Diz assim: “ Certa vez, um homem resolveu montar um carrinho de lanches, porém queria que fosse algo diferenciado para poder atrair bastante fregueses. Iria vender cachorro-quente. Procurou na cidade a padaria que fizesse o melhor pão, o mercado que fornecesse a melhor salsicha, o melhor molho de tomate, a melhor maionese e a melhor mostarda. Depois de comprar os ingredientes mais refinados procurou receitas de comprovada excelência, testou-as e, quando conseguiu fazer o melhor e mais saboroso cachorro-quente, municiou seu carrinho e postou-se próximo a uma escola.
Logo os alunos se acostumaram a consumir seus deliciosos quitutes e convenceram os familiares a também consumirem as iguarias inigualáveis que o bom homem vendia. O costume se espalhou por toda a cidade, de modo que tudo que fosse produzido era vendido rapidamente. O vendedor estava satisfeito, porque trabalhava muito, mas era recompensado com o lucro de seu trabalho.
O tempo foi passando, ele acabou de criar os três filhos e pagar-lhes boas faculdades. O mais velho se formou em medicina, o segundo, em engenharia e o terceiro em economia. Um dia, o filho economista disse ao pai que estava vindo uma crise econômica para o país e que ele deveria se precaver. Aconselhou-o a baratear os lanches que vendia, trocando os ingredientes que sempre usara por outros mais baratos, embora de pior qualidade.
O pobre pai, temendo a crise que o filho economista lhe anunciara, passou a comprar ingredientes mais baratos, mudando por completo o resultado final do produto que vendia. Aos poucos, os clientes foram se afastando e ele já não tinha para quem vender os lanches, agora sem qualidade alguma. Então, dizia consigo mesmo: Bem que meu filho avisou: a crise chegou mesmo!
Isso nos leva ao momento por que passa a economia brasileira. Os preços nunca foram estanques. Ora aumentam, ora diminuem, principalmente quando se trata de produtos de época, ou que precisem de muita chuva, ou de muito sol. Sempre foi assim. Em determinados momentos, o tomate fica extremamente caro, depois barato, o mesmo acontecendo com todos os outros produtos.
Mas a mídia, que adora notícia ruim porque chama mais a atenção, resolveu imitar o filho economista do vendedor, e a todo instante propaga que está havendo uma crise, que tal produto está mais caro, que já há desemprego em alguns setores, que o dólar subiu, o que impede as viagens para Miami e a compra de produtos importados, tendo as pessoas que se contentar com os produtos nacionais, e outras pataquadas do gênero.
O ruim é que muita gente, tal qual o vendedor de cachorro-quente acredita nessas histórias, apesar de durante a vida toda ter presenciado o sobe e desce dos preços, os problemas pontuais que sempre houve e esse apavoramento pode acabar fomentando, de fato, uma crise. Se as pessoas não consumirem, aí as lojas não terão para quem vender, as fábricas não produzirão e terão que dispensar empregados. A tal crise estará formada e, como no caso do vendedor de cachorro-quente o vaticínio dos irresponsáveis se concretizará.
Menos credulidade e mais discernimento fará bem a todos e ao país!
Até quarta-feira
Thereza Pitta
therezapitta@uol.com.br
-Dracena-