A história de vida do tupiense, Paulo Antônio Cenedese, pode ser dada como exemplo de força e superação para muita gente. Mecânico há mais de 30 anos, ele encontrou na poesia outro lado de sua vida que até então ainda não havia se manifestado.
Cenedese nasceu e viveu em Tupi Paulista. Sempre teve uma vida muito corrida se dedicando muito ao trabalho e a família. Entretanto, o mecânico afirma que nunca se dispôs de um tempo para agradar a si mesmo. “O sentimento dos outros estava sempre acima dos meus próprios sentimentos”, contou.
Em 2011, Cenedese obrigatoriamente teve que interromper todas as suas atividades para dar atenção exclusivamente a sua saúde, após descobrir um câncer que balançou totalmente a sua vida. Ele deu início aos tratamentos, passando por sessões de quimioterapia e radioterapia. Um período bastante difícil para a família, amigos e principalmente, para o mecânico.
Com tempo de vida indefinido, relembrou tudo que já havia vivido com questionamentos e aflições que colocaram a sua própria vida em risco.
Um dia, em meio às dores da sua doença, Cenedese liga o computador e escreve a palavra câncer. A partir disso, as palavras começaram a fluir naturalmente e o mecânico começou a escrever sobre os momentos da vida. Em sua primeira poesia, cada verso contou minuciosamente o drama de sua doença. “A poesia entrou como parte dos tratamentos na cura do meu câncer”, contou.
O mecânico formado em técnico em contabilidade, nunca trabalhou com as palavras e disse que desde então, não há hora nem momento para a inspiração chegar. Ele se diz ainda mais inspirado quando o tema é sobre o amor, além de direcioná-las às pessoas que o apoiam nesta nova fase. “Não adianta eu tentar manipular a minha inspiração. É um instinto, uma luz que vem e eu começo a escrever desde poemas mais simples até mais complexos”, falou Cenedese.
Curado do câncer, Cenedese acredita que toda a inspiração é algo divino. “Deus me deu esse dom e fico pensando que além da minha missão de pai, ele quer algo a mais de mim, que eu realmente deixe um legado para as pessoas refletirem um pouco mais sobre suas vidas”, ponderou.
“A inspiração veio no momento exato”, disse o mecânico que pretende levar suas palavras, e chamar a atenção de jovens que atualmente se direcionam apenas para o mundo tecnológico.
Ainda neste ano, o escritor pretende realizar o seu grande sonho e lançar seu primeiro livro de poesias com temas atuais e impactantes. Para isso, ele busca patrocinadores para agilizar o lançamento da obra que já está devidamente editada e ilustrada.
Nota-se o sucesso do poeta pelas redes sociais. Diariamente, ele recebe dezenas de solicitações de amizade de pessoas que querem acompanhar um pouco mais do seu trabalho. Os interessados podem conhecer parte de seus trabalhos no perfil do Facebook: Paulo Antônio Cenedese. Confira duas de suas poesias:

 

A arca do inigualável

Quer-se
Faça de seu coração uma arca
Se quiseres jogue a chave fora
E se puderes
Contemple sempre a aurora.

Se viveres
Faça de mais esse dia
Um segredo de outrora.

Se tiveres dúvidas
Não deixe que estas
Penetrem em seu coração.

Se tiveres certeza
Faça tudo com muita convicção,
Mas se pairar a tristeza
Mude a rota da alma
E se tua alma se alegrar
Abrace com muita emoção.

Se sentires saudades
Que não mova o presente
Se triste ficares
Sorria,
Pois assim eu estarei presente.

Se partires corações
Que seja para o amor iminente
Mas se causares desgosto
Seja este passageiro e ausente.

Se dúvidas tiveres
Procure a chave do segredo,
Pois na arca do coração
Estará guardada a solução.

Se não achares a chave
Segredo teria que ser,
Pois a singeleza da vida
Enigmas sempre haverão de conter.
Faça de sua arca
O que lhe proporciona prazer,
Pois prazer é felicidade
Aquilo que muitos gostariam de ter.

Sendo ela sensível
Indivisível
Ou somente algo lindo
Podendo conter.

Falo de algo imutável
Que só o coração pode dizer,
Pois a chave dessa arca
Se chamar amor
e somente você pode viver!

Que o amor prolifere
Em todos os corações
E que a chave da alegria
Muitas cópias possam ter!

 

O meu tempo

Pensei em minha juventude
Onde pensava que o tempo
Fosse uma simples colocação
Das pessoas idosas.

Vivi buscando a idade
Para cada oportunidade
Não desperdiçar
Mas nessa busca constante
Com profundo sentimento
Vi várias etapas da minha vida, pular.

Nunca fui criança de verdade,
Pois muito menino ainda,
Com apenas nove anos
Comecei a trabalhar.
Nunca fui adolescente,
Pois a vida não me dera tempo
Para acompanhar os meus amigos
Viver intensamente e
Não meramente dos desejos desfrutar.

Tornei-me adulto
E vieram os frutos (Oh! Meu Deus!)
Que também não soube educar

Fazer da pedra bruta
A pedra preciosa
Que só em Deus
Podemos lapidar.
Vejo-me hoje
Num novo tempo
Onde de dentro desse peito
Ainda meio sem jeito
Com a graça de Deus
Veio a transbordar
Como taça de cristal
Iluminada a castiçal!

Fez transbordar o Supremo
Um novo sentimento de amar.
Sou nova criatura, diferente,
Com alma e mente,
Coração presente
Que do vinho do cálice sagrado
Veio se deliciar!
Por isso digo
Que com tudo
E apesar de tudo…
É o meu tempo!