Para incentivar e promover a bicicleta como meio de transporte na cidade, a campanha “De bike para o trabalho” movimentou hoje (8) pelo menos 200 pessoas em Brasília. Elas saíram em grupos de 31 pontos do Plano Piloto, do Guará, de Taguatinga, de Águas Claras, de Ceilândia e do Gama, entre outras regiões do Distrito Federal (DF), para demonstrar que é possível ir de bicicletas para o trabalho.

O evento em Brasília, promovido pela organização não governamental (ONG) Bike Anjo, com apoio da ONG Rodas da Paz, é inspirado no Bike To Work Day, iniciativa que, desde 1956, promove, em maio, atividades para usar a bicicleta como uma opção viável de transporte para o trabalho em várias cidades do mundo.

O governador Rodrigo Rollemberg liderou um grupo de cerca de 30 pessoas: eles pedalaram da Quadra 206 Sul até o Palácio do Buriti, distância de aproximadamente 7 quilômetros. Foram 45 minutos de pedalada.

“Foi uma experiência positiva e agradável, mas a gente percebe que a cidade tem muitos problemas e precisa se adaptar”, disse o governador. Acrescentou que é preciso criar uma cultura de respeito ao pedestre e ao ciclista.

“Isso vai tornar a cidade mais humanizada e civilizada. Temos de garantir segurança para que as pessoas possam ser estimuladas a utilizar a bicicleta e, ao mesmo tempo, conforto”, disse.

Na opinião de Rollemberg, vestiário e local adequados para guardar as bicicletas precisam ser criados.

O governador mencionou os obstáculos encontrados por quem quer pedalar no DF: “Má qualidade das calçadas, intersecção com vias, compartilhamento de vias sem sinalização e a falta de cultura de respeito ao ciclista”.

Rollemberg disse que o governo vai garantir mais investimentos nas ciclovias do DF. A extensão das ciclovias alcança 450 quilômetros. A meta é atingir 659 quilômetros nos próximos quatro anos.

Para a coordenadora-geral da ONG Rodas da Paz, Renata Florentino, Brasília ainda incentiva o deslocamento de carro, deixando outros meios de transporte em segundo plano. “Há muito ainda o que avançar para tornar a cidade mais humanizada. O respeito do motorista ao ciclista é essencial para promover a mobilidade sustentável nas cidades”, observou.

Renata acredita que há tendência crescente de empresas e órgãos públicos incentivarem o uso da bicicleta para o trabalho. “Funcionários chegam mais motivados e bem dispostos. A demanda por vagas de estacionamento ao redor do prédio diminui”, disse Renata, que, desde 2012, usa a bicicleta como meio de transporte. “Com a bicicleta, você tem a certeza do horário que você sai e do horário que chega. Não há congestionamento”.

Voluntário da ONG Bike Anjo, Phillip Fiuza Lima foi quem orientou o governador no trajeto até o Buriti. O empresário de 38 anos usa a bicicleta como meio de transporte desde 2011 e chega a percorrer até 60 quilômetros em um dia, munido com seu capacete com espelho retrovisor e câmera filmadora. “Todo o meu deslocamento é de bike, não tenho carro”.

O ciclista cita como vantagens a promoção da saúde física e psicológica e menos estresse no trânsito, mas alerta para desafios para o uso da bicicleta.  “Tem de melhorar o respeito ao ciclista. Fui atingido por trás, a pessoa bateu de propósito, me derrubou e fugiu”, contou.

Segundo dados do Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF), entre 2010 e 2014 houve 154 mortes em acidentes envolvendo bicicletas. No ano passado, 20 ciclistas morreram. No DF, em 2014, o total de acidentes com morte envolvendo ciclistas teve redução de 18,5% com relação a 2013.

De acordo com o Código de Trânsito Brasileiro, motoristas de veículos automotores devem manter uma distância mínima de 1,5 metro entre o veículo e o ciclista nas ultrapassagens. Além disso, durante a manobra de mudança de direção, o condutor deverá ceder passagem aos pedestres e ciclistas. Os motoristas de veículos de maior porte são responsáveis pela segurança dos carros menores e também dos não motorizados.