O documentário Flores Secas, dirigido pelo jornalista Acácio Rocha, de Adamantina, tem sua estreia agendada para o próximo dia 25, às 19h30, integrando a programação da Semana da Diversidade de Presidente Prudente, que antecede a 9ª Parada do Orgulho LGBT, naquela cidade. Outros eventos de lançamento deverão acontecer em Adamantina e Tupã.
Com duração de 30 minutos, Flores Secas traz em seu roteiro a temática do envelhecer gay. O documentário foi produzido a partir da aprovação de projeto apresentado por Acácio Rocha junto ao Programa de Ação Cultural (PROAC) da Secretaria de Estado da Cultura, com recursos financeiros do ICMS.
Para o documentário foram entrevistados os cabeleireiros Nelson Araújo e Roberto Rodrigues, de Tupã, e o coordenador da 9ª Parada LGBT de Presidente Prudente, Charles França, que expuseram aspectos de suas vidas envolvendo profissão, família, superação, preconceitos e as expectativas com a chegada do envelhecimento. Os temas ligados à saúde da pessoa idosa com ênfase para os gays foram expostos pela médica Vera Lúcia M. Fiorillo, enquanto as demandas da área dos direitos sociais, entre os quais o direito à saúde púbica, estatuto do idoso e casamento gay foram comentados pela advogada Sílvia Helena Luz Camargo.
DEBATE – Segundo Acácio, o tema “envelhecimento” parece passar despercebido nas grandes discussões sobre o universo LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros), pois pouco se expõe sobre a maneira como os gays lidam com o envelhecimento, já que os debates e as reivindicações, quase que na predominância, invocam o resgate às diferenças e preconceito, e negligenciam o tema “futuro”.
Além das dificuldades comuns a todos na velhice, entre os gays há outros elementos que invocam essa reflexão, pois muitos são deixados de lado pelas famílias e pelos amigos, e quase na totalidade não têm filhos, que pudessem assegurar cuidados na velhice.
O autor do projeto explica que o documentário será distribuído para organizações brasileiras que se relacionam com o universo LGBT, para ampliar o acesso ao mesmo, a partir de iniciativas dessas próprias organizações, sobre o tema, ficando assegurada reserva de cópias para a Secretaria de Estado da Cultura, para que faça a utilização que melhor decidir. “Acredito que a proposta vai preencher um vazio no que se refere a conteúdos sobre essa temática, pois recebi diversas manifestações de apoio à iniciativa, sobretudo pela contribuição que poderá dar à sociedade brasileira”, destaca Acácio.
VELHICE GAY X DEPRESSÃO – A partir de pesquisas realizadas na pré-produção do documentário, identificou-se que o Brasil tem mais de 22 milhões de idosos, e a tendência é ampliar, em razão do aumento da longevidade, sobretudo decorrente dos avanços da medicina e da maior qualidade de vida. Nesse universo, e nas projeções futuras, os gays estão inseridos e fazem parte dessa massa.
Considerando todos os aspectos que evolvem a saúde da pessoa idosa, como a osteoporose, doença de Alzheimer, quedas e depressão, há o que se preocupar. Segundo Acácio Rocha, estudos apresentado em 2014 pela psiquiatra Carmita Abdo, durante o Congresso Brasileiro de Geriatria e Gerontologia, realizado no Pará, mostram que os homossexuais estão mais propensos a sofrer depressão: 24% das lésbicas e 30%, no caso dos gays, contra 13,5% de heterossexuais.