Hotéis e pousadas de Panorama e Paulicéia especializadas em pescaria mostraram se preocupados ao revelar que o movimento de turistas nos últimos cinco anos caiu de 60% a 90%, por causa da falta de peixes no rio Paraná, além da migração gradativa desse turismo para Rosana (SP) e rios do Mato Grosso do Sul.
No vácuo do baixo movimento registrado pela rede hoteleira, estabelecimentos comerciais de Panorama e Paulicéia, principalmente no ramo de padaria, mercado, açougue e iscas, foram os que mais sentiram a crise.
“A venda relacionada ao turismo diminui 60% em média. A falta de peixes no rio Paraná nos afeta diretamente”, afirmou o presidente da ACE de Paulicéia, Gabriel Joaquim Thomaz Cazeli.
Entre as pousadas visitadas pela reportagem do Jornal Regional, a pousada HPL, em Paulicéia, registrou queda no movimento de pescadores vindos de São Paulo e Londrina (PR), de 95% entre os anos de 2010 a 2015. De 12 funcionários hoje só trabalham dois, no estabelecimento.
Segundo o sócio-proprietário da pousada, Maurílio Folgaroli, em outros tempos nesta época entre junho a julho, o movimento estava aquecido às vésperas das férias escolares. Hospedava-se pelo menos 30 pescadores. Atualmente a reserva desse grupo de clientes varia de um a dois por final de semana.
Ainda de acordo com Folgaroli, a pousada girava R$ 12 mil ao mês no comércio local incluindo compra de combustíveis, isca, mercado e açougue. Fora pagamento da diária dos piloteiros que recebiam em média R$ 230. Atualmente o gasto mensal da pousada HPL não ultrapassa R$ 3 mil.
A solução para evitar a extinção dos peixes, segundo o empresário, é intensificar a exigência da norma que obriga a captura de 10 quilos e um exemplar no rio Paraná.
Sem o peixe e consequentemente sem serviço, profissionais contratados dessas pousadas se viram obrigados em muitas situações a arranjar emprego na usina de cana-de-açúcar e na indústria cerâmica do município.
Cautelosa, a gerente da Pousada Aquário em Panorama, Marlene Yoko Nakamura, disse estar tentando sobreviver a uma situação de queda no movimento provocada pela falta de peixes, agravada pela crise financeira instalada no País, fazendo os pescadores cancelarem a pescaria.
Na pousada, o movimento caiu 90% nos últimos cinco anos. Acostumada a receber nos finais de semana dezenas de pescadores, no último final de semana a pousada recebeu somente um turista, que consequentemente usou toda estrutura do hotel e manteve gastos proporcionais a dez pescadores.
“Felizmente a gente tem um caixa para tentar sobreviver pelos próximos dois meses que acreditamos serem parados”, disse Yoko.
A reserva financeira, segundo a gerente, foi separada dos meses de maior movimento.
A solução apontada pela Pousada Aquário para repovoar o rio Paraná é implantar a cultura do pesque e solte a exemplo de Aiolas (Argentina).
Já no Paranoá Clube Hotel em Panorama, a direção promove promoções de diárias para enfrentar o baixo movimento de pescadores para atrair outra clientela.
Segundo o sócio-proprietário do hotel, Paulo Primo, para atrair freguesia está cobrindo preço de diárias e pernoites de outros hotéis da cidade.
Outra área afetada pela redução do movimento no turismo da pesca está sendo a locação de embarcações.
A empresária Maria Augusta de Figueiredo aluga barcos em Paulicéia e afirma que a procura pelas embarcações de aluguéis usadas por turistas caiu em média 70% nos últimos anos.
“Um dia de quarta-feira chegava a alugar em média 30 embarcações. Nesta última quarta-feira, 17, por exemplo, aluguei somente dois de uma frota de 60 embarcações disponíveis para locação”, disse.
Ela tem 12 funcionários e já dispensou cinco e se não melhorar deverá reduzir ainda mais o quadro de colaboradores.
AÇÃO DA PREFEITURA – O prefeito de Paulicéia, Waldemar Siqueira Ferreira (Mazinho), está organizando um ‘livro ouro’ para arrecadar recursos financeiros junto à população e pescadores para compra e soltura de alevinos no rio Paraná.