Brasil é o único país do mundo com mais de 100 milhões de habitantes que tem um sistema de saúde público e gratuito. Somente em 2014, o sistema contabilizou 4,1 bilhões de tratamentos ambulatoriais, 1,4 bilhão de consultas médicas e 11,5 milhões de internações. No ano passado, o total de recursos investidos em ações e serviços públicos de saúde foi de R$ 92,2 bilhões e este ano será R$ 98,4 bilhões. Os valores financiam programas, como Saúde da Família que hoje atinge a 112 milhões de habitantes, ou seja, mais da metade da população brasileira (56%).
A extensão territorial e a diversidade racial e sociocultural da população brasileira são fatores que dão a dimensão do Sistema Único de Saúde. O público alvo do SUS é os mais de 200 milhões de brasileiros, que fazem uso da rede em todos os níveis: quando se vacina no posto de saúde, quando solicita atendimento do SAMU, ou mesmo de alto custo como tratamento para o câncer. No ano passado, por exemplo, foram realizados 13,4 milhões de procedimentos oncológicos – sendo 3,1 milhões de quimioterapias.
Assim como no atendimento básico, o SUS investe em tecnologia para fazer procedimentos de alta complexidade, como a realização de transplantes. Atualmente, 95% dos procedimentos são realizados pelo SUS. A rede brasileira conta com 27 Centrais Estaduais de Transplantes (em todos os estados e Distrito Federal), além de Câmaras Técnicas Nacionais, 510 Centros de Transplantes, 1.113 equipes de Transplantes e 70 Organizações de Procura de Órgãos (OPOs). De acordo com dados de 2013, foram realizados 23.457 procedimentos em 2013.
O Brasil realiza transplantes de coração, córnea, rim, pâncreas, pulmão, fígado, pele, ossos e medula óssea e deverá fazer, em breve, transplantes de vários órgãos abdominais ao mesmo tempo (multivisceral), por meio de acordo firmado com o governo da Argentina.
Na área de prevenção, o País atua tanto no combate a enfermidades comuns em países subdesenvolvidos (ou típicas dos trópicos) como a hanseníase, tuberculose e dengue, como contra doenças que preocupam países ricos a exemplo da obesidade, hipertensão e diabetes. Em 2012, o País atingiu antecipadamente as metas dos Objetivos do Milênio (ODM) para 2015 de redução pela metade das taxas de incidência, prevalência e mortalidade por tuberculose. Para a redução de casos e tratamento da tuberculose, o governo federal investiu R$ 16,2 milhões em 2013. Nos últimos 10 anos, houve redução de 19,3% do coeficiente de incidência, passando de 41,5 por 100 mil habitantes (2005) para 33,5 por 100 mil hab (2014). Também nos últimos dez anos, a mortalidade caiu 20,7%.
Uma das armas para conseguir diagnosticar e iniciar o tratamento mais rapidamente foi a introdução, em 2012, do teste Xpert MTB/Rif. Esse teste utiliza técnicas de biologia molecular para identificar o DNA da micobactéria permitindo o diagnóstico em 2 horas. Enquanto o teste tradicional pode levar 60 dias para ficar pronto. Entre julho e dezembro de 2014, mais de 50 mil testes foram realizados.
Incorporação de novos medicamentos
Para o combate às doenças crônicas não transmissíveis, nas quais estão inseridos o câncer, obesidade, diabetes e hipertensão, o SUS vai além do atendimento médicos em postos de saúde e hospitais. Desde fevereiro de 2011, são entregues gratuitamente medicamentos contra hipertensão e diabetes para que os pacientes possam manter o tratamento, sem que pese no orçamento familiar. Em abril deste ano, 2,4 milhões de pacientes pegaram medicamentos gratuitos para a diabetes e 6 milhões solicitaram para hipertensão.
De 2011 a 2014, o Ministério da Saúde, a partir de acordo com Associação das Indústrias da Alimentação (Abia), retirou 7.652 toneladas de sódio dos produtos alimentícios no Brasil. O excesso de sódio na alimentação altera a pressão arterial. A hipertensão pode levar a complicações como AVC, por infarto ou doença renal crônica.
Um paciente com sintomas de AVC ou infarto ao ser atendido pelas equipes médicas do SAMU 193 ou nas emergências públicas pode ter a vida salva por dois medicamentos incorporados há quatro anos no SUS: o Tenecteplase e o Alteplase. Eles ajudam a reduzir as complicações e a mortalidade prematura, dissolvendo o coágulo que surge na artéria.
SUS oferta 810 medicamentos
Esses dois produtos são o resultado da política atual do Ministério da Saúde de buscar avanços farmacêuticos, com comprovação científica, para oferecer a população. O SUS fomenta o mercado farmacêutico e estimulando a pesquisa científica. De 2012 a 2013, foram incorporados pelo SUS 111 novos produtos. Entre eles, o Fingolimode, para esclerose múltipla; Risperidona, para tratar os sintomas de autismo como irritação e agressividade; e a Talidomida, para síndrome mielodisplástica – apresenta baixa contagem de glóbulos brancos, vermelhos e plaquetas. Atualmente, o SUS oferta 810 medicamentos.
Em 2014, a população passou a contar com mais uma arma contra o câncer. A vacina contra o vírus HPV para meninas de 11 a 13 anos – este ano ampliou para garotas de 9 a 11 anos – poderá permitir que o Brasil tenha a primeira geração de mulheres livres do câncer do colo do útero, uma vez que esse vírus é a principal causa da doença. Além da compra do estoque de vacinas e toda a estratégia de distribuição das doses, que contou inclusive com escolas, o Ministério também investiu na indústria do setor. Está prevista a construção de uma fábrica para a produção da vacina. Um recurso total de R$ 300 milhões com parceira do Estado de São Paulo.